Sermão em Números 23:13-26, sobre a infalibilidade do decreto de Deus. Baseado na CFB 1689, capítulo 3, Sobre o Decreto de Deus. Pregado em 08/09/2024.
Esta noite vamos para o livro de Números, no Antigo Testamento. Números é o quarto livro da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico e Números. Moisés continua a escrever a história de Israel no deserto. Vamos para o Números 23:13-26.
“E Balaque lhe disse: Peço-te, vem comigo a outro lugar, de onde poderás vê-los; verás somente a parte mais distante deles, e não os verás a todos. E amaldiçoa-os dali”. E o levou consigo ao campo de Zofim, ao topo de Pisga, e edificou sete altares, e ofereceu um novilho e um carneiro sobre cada altar. E Balaão disse a Balaque: “Fica de pé aqui junto à tua oferta queimada, e eu irei ali, encontrar-me com o Senhor”. O Senhor foi ao encontro de Balaão, e pôs palavra na sua boca, e disse: “Volta para Balaque, e assim falarás”. E, vindo a ele, eis que estava junto à sua oferta queimada, e os príncipes de Moabe com ele. E Balaque lhe perguntou: “O que disse o Senhor?”. E ele proferiu a sua parábola e disse: “Levanta-te, Balaque, e ouve; inclina os teus ouvidos a mim, filho de Zipor: Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Diria ele algo, e não o faria? Ou falaria, e não o cumpriria? Eis que recebi ordem de abençoar, e ele abençoou; e eu não posso reverter isso. Ele não viu iniquidade em Jacó, nem contemplou maldade em Israel; o Senhor, seu Deus, é com ele, e o brado de um rei está entre eles. Deus os trouxe do Egito; as suas forças são como as de um unicórnio. Certamente, não há encantamento contra Jacó, nem há qualquer adivinhação contra Israel. Segundo este tempo, será dito de Jacó e de Israel: ‘O que fez Deus?’. Eis que o povo se levantará como um grande leão, e se erguerá como um leãozinho. Ele não se deitará até comer a presa e beber o sangue dos mortos”. E Balaque disse a Balaão: “Nem o amaldiçoarás, nem o abençoarás”. Mas Balaão respondeu e disse: “Não te falei dizendo: Tudo o que o Senhor me falar, isso farei”.
Curve a cabeça, irmãos, vamos orar por um instante.
Nosso Deus todo-poderoso, Pai celeste, nós louvamos ao teu nome grande e precioso. Presença santa, nós nos encontramos agora, Senhor Deus, em adoração, porque tu és o Senhor, o único digno de ser louvado e adorado. Pai, nós somos privilegiados, Senhor Deus, por estarmos na casa do Senhor, juntos ao Senhor, para adorar e bendizer o teu nome com grande alegria. Essa noite, Deus, receba, Senhor, o nosso culto, a nossa adoração, Pai, e fale ao nosso coração, Senhor Deus, para que o teu povo que aqui está reunido aprenda de ti, Senhor, conheça mais acerca da grandeza do teu nome, do poder e da glória do Senhor. E, assim, Senhor Deus, edificados e fortalecidos na força do teu poder, no conhecimento de Deus, nós possamos, Senhor Deus, viver de maneira mais alegre, feliz, esperançosa e confiante, porque o Senhor é Deus e não há ninguém como o Senhor. Fale conosco, Senhor, com o teu Espírito Santo. Fale ao nosso coração, nosso Deus, é o que nós te suplicamos nesta noite, em Jesus Cristo, teu santo Filho, nosso Salvador. Amém.
Irmãos, essa passagem de Números faz parte de uma história que é bem maior, que começa lá no capítulo 22. Na verdade, um pouco antes do capítulo 22, ainda no capítulo 21, quando o povo de Israel, que naquelas circunstâncias estava na sua travessia pelo deserto, havia saído do Egito e estava passando por várias partes do deserto e se aproximando da terra prometida, de Canaã. Ainda não estavam em Canaã, mas estavam do lado oposto de Canaã. E ali, daquele lado, estavam todos os territórios dos amorreus, o território de Edom, Moabe, estava ali, a terra de Basã. Israel estava passando ali porque precisava, seguindo as ordens de Deus, se dirigir até a terra de Canaã, que seria a terra de Israel, a terra prometida pelo Senhor, nosso Deus.
Aqui, algumas coisas são importantes para entendermos essa passagem. A primeira delas é que o Senhor fez um pacto com Israel, uma aliança com os hebreus. E, nessa aliança, feita primeiramente com Abraão, o pai dos hebreus, o pai dos judeus, o Senhor prometia uma terra que emanava leite e mel para que o seu povo recebesse como herança. Era a terra de Israel, a terra de Canaã. Essa promessa incluía que aquele povo seria muito numeroso. Se vocês lembrarem a história, Abraão, um homem de 100 anos, se torna pai de Isaque, e, naqueles dias, sua esposa Sara, que era estéril, tinha 90 anos quando gerou e concebeu Isaque. A promessa de Deus é que em Isaque seria chamada a descendência de Abraão. “Em Isaque será chamado o teu nome”, ou seja, o povo de Deus começaria de Abraão, depois o seu primeiro filho Isaque, de Isaque Jacó, e de Jacó todo Israel sairia dali, uma grande nação.
Em primeiro lugar, o povo recebe uma terra como promessa. Depois, o povo recebe a promessa de que seria uma grande nação, não um povinho pequeno, mas um grande, numeroso povo. E, em terceiro lugar, a promessa de Deus era que Ele abençoaria aquele povo: “Abençoarei os que te abençoarem”. Todas as nações que abençoassem Israel seriam abençoadas por Deus juntamente com Israel, porque a bênção de Deus na sua promessa, no seu pacto, era de abençoar aquele povo, de guardar aquele povo, de proteger aquele povo, de fazer com que aquele povo prospere, cresça, domine, conquiste e se torne um povo grande. Deus diz em sua palavra que daquele povo sairiam reis. Muitos reis sairiam de Israel, e de fato nós vimos isso, estamos vendo isso inclusive no livro de Reis, os muitos reis que saem dali, meus irmãos.
Então, o contexto dessa passagem precisa que nós lembremos dessas promessas que Deus fez a Abraão e a Israel, consequentemente a Abraão, Isaque e Jacó, os patriarcas. Jacó é Israel. Deus muda o nome de Jacó para Israel, e aqui está o povo de Israel, os filhos de Jacó, as tribos, uma grande e numerosa quantidade de pessoas quando Deus tira o povo do Egito. A escritura diz que cerca de 600.000 homens em idade militar, em idade de guerra, saem do Egito, sem contar crianças e pessoas velhas. Entre 1 milhão e 2 milhões de pessoas saíram do Egito pelas mãos de Deus todo poderoso
Então essa grande quantidade de pessoas que está passando ali pelo território de Moabe, pelas terras de Balaque — Balaque era o rei — e se nós voltarmos, como eu disse agora há pouco, ao capítulo 22 desse texto, nós vamos encontrar o começo dessa história. Quando Balaque percebe que o seu território está cheio de israelitas, Israel está passando em direção a Canaã, e ele teme Israel. Ele fica com medo daquele povo tão numeroso, porque tem conhecimento das coisas que Deus fez por eles desde que os libertou do Egito. Toda aquela história do poder de Deus, da grandeza de Deus, acompanhava o povo de Israel e ficou conhecida entre as nações.
Balaque disse: “Esse povo é muito poderoso. Não há como vencê-los, não há como detê-los”. Um pouco antes, Israel tinha realizado guerra contra os amorreus porque eles estavam passando pelo território dos amorreus e pediram passagem. O rei dos amorreus disse: “Não vos deixarei passar aqui”. Então, eles entram em guerra com os amorreus, dominam e vencem os amorreus, e conquistam a terra dos amorreus. A terra dos amorreus está no limite com a terra de Moabe, cujo rei aqui é Balaque. Então, Balaque tem medo. Ele vê o grande número, mais de 1 milhão de israelitas acampados em sua terra, e ele teme. Então, ele manda chamar um falso profeta, Balaão. É preciso deixar claro que Balaão não era um profeta de Deus, ele era um adivinho. Ele era uma pessoa que realizava o que no mundo pagão se chamava de consulta por presságios e também outros feitiços. Ele era o que nós poderíamos chamar hoje de um bruxo, um mago, um feiticeiro.
As pessoas têm uma certa dificuldade de acreditar que coisas desse tipo, poderes do mal, realizações maléficas como essa, por meio de encantamentos, bruxarias, etc., podem acontecer. Irmãos, essas coisas acontecem por causa do diabo, por causa de Satanás. Satanás tem o poder de causar mal ao homem, diversos males. Toda a história das escrituras e a história de povos antigos remonta essa realidade da ação demoníaca. Nós vamos encontrar na Bíblia, por exemplo, no Novo Testamento, espíritos que trazem doença aos homens. Jesus expulsa esses espíritos de doença. Nós vamos encontrar homens endemoniados, e Jesus expulsa os demônios. Havia um homem em Atos dos Apóstolos, Simão, o mágico, que fazia muitos encantamentos e feitiços, e as pessoas acreditavam naquele homem, seguiam aquele homem.
Então, essas coisas eram absolutamente comuns e elas aconteciam por causa da operação de Satanás. Não pense que existe um homem que tem poderes sobrenaturais dele mesmo. Não. São bruxos e feiticeiros que operam pelo poder do diabo, porque o diabo existe e ele atua para enganar, para roubar, destruir e matar. Balaão era um desses homens que praticava encantamentos e estava envolvido com espíritos malignos. Ele era da região da Mesopotâmia, que não ficava muito distante dali, cerca de 600 km. E Balaque, vejam só, manda chamar na Mesopotâmia esse falso profeta. Ele é chamado nas Escrituras várias vezes de adivinho, e Balaque manda chamar esse homem para que ele faça um encantamento, veja, para amaldiçoar Israel, porque ele sabe que não tem condições de lutar contra Israel militarmente falando.
Então, Balaque envia homens até Balaão, e Balaão diz: “Eu vou primeiro ouvir o que o Senhor tem para me dizer”, porque ele sabia que a guerra era contra o Deus de Israel, o Senhor Javé. Durante a noite, o Senhor fala a Balaão e diz: “Não vá com esses homens, porque eu abençoarei Israel e não o amaldiçoarei”. Quando o dia amanhece, Balaão diz aos mensageiros do rei Balaque: “Eu não irei com vocês, porque Deus vai abençoar Israel e não o amaldiçoar”. E aqueles homens voltam 600 km e dizem lá ao rei Balaque: “Olha, ele não vem, ele não vai vir”.
O rei, então, chama príncipes mais importantes, pessoas de muita influência, e manda presentes, pagamento pelos feitiços, dinheiro para eles. Eles dizem: “Voltem lá e convençam ele de vir”. Os homens chegam e vão de novo à casa de Balaão, e de novo dizem: “O rei manda te chamar. Ele tem presentes para ti, ele trouxe muitos. Ele vai te prevalecer muito, e ele quer que você amaldiçoe Israel”. E Balaão diz: “Então, deixem-me falar com o Senhor, deixe-me ouvir o que o Senhor vai falar comigo”. No dia seguinte, ele diz: “Deus falou comigo e disse para mim ir, mas ele não vai amaldiçoar Israel, ele vai abençoar”.
E ele vai com aqueles homens e, então, quando ele chega diante de Balaque, tem uma coisa interessante que acontece, irmãos. Eles vão subir numa montanha. Eles sobem numa montanha para visualizar ali Israel e para queimar ofertas e sacrifícios. O texto diz, no capítulo 22, que “Balaque, filho de Zipor, viu tudo que Israel havia feito aos amorreus”, e Moabe estava com medo do povo porque eram muitos. Várias vezes, nessa passagem, nós vamos encontrar expressões que apontam para o grande número de pessoas em Israel. Várias vezes: “povo numeroso”, “um povo que ele subiu nas montanhas e não conseguia ver todo mundo”, era gente demais.
Essa menção, irmãos, tem que estar ligada à promessa de Deus de fazer de Israel uma grande nação. Então, várias vezes, a gente vai ver isso sendo repetido aqui. E então, três vezes, Balaque e Balaão sobem em montanhas diferentes para poder avistar Israel. E todas as vezes Balaque leva uma espécie de feitiço, encantamento, para amaldiçoar Israel, mas ele não consegue. Embora o texto não mostre isso claramente, senão no capítulo 24:1. Não podendo amaldiçoar, ele sempre abençoa Israel, porque Deus fala com ele e diz: “Diga o que eu estou dizendo”. E ele sempre traz uma bênção sobre Israel.
Balaque fica muito zangado, fica muito irado, porque ele está pagando aquele médium para amaldiçoar, não para abençoar. Mas o falso profeta diz: “Deus de Israel me falou isto, eu não posso falar diferente disso”. É por isso que, no texto que nós lemos, no capítulo 23, no verso 19, uma das palavras do Senhor a Balaão é: “Deus não é homem para que minta, nem filho do homem para que se arrependa. Diria ele algo e não faria? Eu estou dizendo que vou abençoar Israel, e agora não farei isso? Eu disse isso e não farei mais? Por acaso, eu sou homem para que minta? Direi que abençoarei e agora trarei uma maldição sobre este povo? Diria algo e não faria? Falaria e não cumpriria?”
Essas são as palavras do Senhor (Nm 23:19). Aqui, irmãos, nós temos uma doutrina das Escrituras que está nessa passagem e que precisa sempre ser lembrada por nós: a doutrina do Decreto de Deus. Ou seja, Deus havia determinado na eternidade que abençoaria Israel. Havia um decreto, assim como há um decreto da eleição. Nós somos eleitos antes da fundação do mundo. Na verdade, todas as coisas que vão acontecer foram decretadas por Deus antes da fundação do mundo. E isso é o que a doutrina do Decreto de Deus nos ensina: tudo que vai acontecer, tudo que se passa, as coisas grandes e pequenas, as coisas mais insignificantes, contingentes, desde as coisas maiores, todas essas coisas estão dentro do decreto de Deus. Isto é, são coisas que Deus já decretou na eternidade, antes de criar o mundo e qualquer coisa. Deus decretou tudo que vai acontecer, e, neste episódio específico, Deus decretou que abençoaria Israel.
Por isso, no verso 19, Deus não é homem para que minta. Ele decretou que vai abençoar, e Ele não vai voltar atrás. Ele não pode voltar atrás. Os nossos pais batistas particulares, na confissão de fé, escreveram no capítulo 3 da confissão, que trata sobre o decreto de Deus, uma afirmação teologicamente superimportante. Eles usaram o texto de Números 23, verso 19, o texto que nós lemos agora, para embasar a sua doutrina do Decreto de Deus. Eu vou ler para os amados o primeiro parágrafo do capítulo 3, sobre os decretos de Deus. O texto diz assim:
Deus decretou em si mesmo, desde toda a eternidade, pelo muitíssimo sábio e santo conselho de sua própria vontade, livre e imutavelmente, todas as coisas, seja o que for que venha a acontecer, ainda assim, de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem tem comunhão com algo nisso, nem é violentada a vontade da criatura, nem ainda é eliminada a liberdade ou contingência das causas secundárias. Antes, estabelece-se nisso, demonstra-se a sua sabedoria em dispor de todas as coisas, e o seu poder e fidelidade em efetuar o seu decreto.
Os nossos pais observaram, no final dessa passagem que eu li, que a doutrina do decreto de Deus é uma realidade na eternidade e que se cumpre no tempo. Deus decretou, desde a eternidade, todas as coisas, o que quer que venha a acontecer, tudo que acontece. E essa doutrina, segundo os nossos pais, essa providência que há no decreto de Deus, ela demonstra, dentre outras coisas, “o poder e a fidelidade de Deus em efetuar o seu decreto”.
Eu quero que vocês guardem essa última parte que os nossos pais escreveram: o decreto aponta para o poder de Deus e para a fidelidade de Deus em realizar o decreto. Vejamos, vamos primeiro pensar no poder de Deus diante dessa passagem aqui. Irmãos, os filhos de Israel estão lá no deserto, passando, estão nas terras de Moabe, acampados. Esse episódio deve ter durado aproximadamente um ano. Isto é, durante aproximadamente um ano, Israel esteve parado ali nas terras de Moabe, e esse vai e vem do falso profeta, dos príncipes chamando o falso profeta, ele voltando, depois indo de novo lá, tudo isso levaria mais ou menos uns dois ou três meses de viagem.
E ainda houve três sequências de tentativas de Balaão, o falso profeta, de amaldiçoar Israel. E ele fez de fato, ele proferiu feitiços e encantamentos contra Israel, com o objetivo de amaldiçoar Israel, mas não conseguia, não fazia efeito. Eu falei para vocês, alguns domingos atrás, irmãos, que quando os falsos profetas de Baal clamaram para que fogo caísse do céu, nada caiu do céu. Tudo estava sereno, calmo e tranquilo. Mas o diabo poderia fazer fogo cair do céu, mas não fez, porque Deus não permitiu que naquela ocasião ele atuasse de alguma forma. Deus não permitiu que o seu nome fosse desprezado, porque aquela disputa entre Elias e os profetas de Baal era uma disputa dos deuses para saber quem era o verdadeiro Deus.
O que não significa dizer que Satanás não poderia ter agido pelos profetas de Baal para enganar, se Deus assim permitisse. Porque a Bíblia mesmo diz que o diabo pode fazer cair fogo do céu. Está escrito aqui mais uma vez, irmãos: o Deus de Israel, o Senhor, o nosso Deus, Ele não permite que as forças do mal, que os feitiços e encantamentos de Balaão, surtam qualquer efeito em relação a amaldiçoar Israel. E preste atenção, Balaão era reconhecidamente, internacionalmente reconhecido como um poderoso mago, um feiticeiro.
Mesmo assim, não houve nenhuma condição contra ele. Há uma passagem aqui no texto que lemos em que Balaque diz: “Eu sei que tu lançarás um encantamento sobre ele; eles não poderão resistir porque tu és um mago forte e poderoso. Se tu os amaldiçoares, eles serão amaldiçoados.” Mas nada disso acontece. No capítulo 24, apenas para constar, o texto diz que, depois de todas as tentativas fracassadas de Balaão, “quando Balaão viu que agradou ao Senhor abençoar Israel, prestem atenção, ele não foi, como em outras ocasiões, buscar encantamentos.” Antes, ele sempre buscava seus encantamentos, seus feitiços, a sua tentativa por meio dos espíritos malignos de fazer com que a coisa acontecesse. Mas agora ele não consegue, porque Deus já havia dito que abençoaria Israel.
Aqui nós temos uma disputa de poder, irmãos. Poder para amaldiçoar, poder para abençoar, e o Senhor disse que abençoaria o seu povo, e o Senhor é poderoso para manter sua palavra, abençoar o seu povo, livrar o seu povo, proteger e guardar o seu povo. A palavra de Deus está aqui empenhada. Se Deus decretou que abençoaria Israel, nada pode amaldiçoar Israel, segundo a palavra de Deus, porque ele não é homem para que minta. É isso que é a resposta do Senhor: “Eu não amaldiçoarei, porque eu não sou homem para que minta. Por acaso eu direi e não cumprirei?” O Senhor está dizendo que sua palavra, irmãos, depois de empenhada, depois de dita, é cumprida. Ela não pode ser de modo nenhum jogada para trás ou desprezada.
A palavra de Deus prevalece. A palavra de Deus de abençoar o povo de Israel prevaleceu nesta ocasião. É por isso que, na Confissão de Fé Batista de 1689, o decreto é uma demonstração do poder de Deus, poder de fazer cumprir a palavra de Deus. Isso é tão importante para nós, igreja, porque a Bíblia diz, Paulo diz aos Efésios, por exemplo, mas em outras passagens também está escrito a mesma coisa, de que nós fomos eleitos por Deus na eternidade, de que o decreto de Deus da nossa salvação vem desde a eternidade. E por que nós confiamos tanto nisso? Porque nós sabemos que a palavra de Deus não pode, de maneira nenhuma, falhar. Nós sabemos que Deus vai cumprir sua palavra, porque, como o grande pregador Spurgeon disse, o número da eleição é tão grande, dos eleitos de Deus, que ninguém pode contar. Este número não pode ser diminuído nem aumentado, porque ele foi decretado na eternidade pela palavra de Deus. O Senhor disse, o Senhor apontou os seus salvos, os seus escolhidos. Ninguém pode acrescentar aos escolhidos, ninguém pode tirar dos escolhidos. Todos os eleitos de Deus serão salvos.
Veja como essa doutrina do decreto é confortante para nós, para nossas almas, e como ela demonstra o poder de Deus em manter sua palavra ativa, funcionando. Os demônios, irmãos, não podem anular o decreto divino. As forças do mal, o diabo e seus anjos, os homens, qualquer que seja os poderes, ninguém pode anular o decreto de Deus. É necessário poder, grandioso poder, para sustentar sua palavra decretada.
Às vezes, você empenha uma palavra, mas você, irmãos, não pode, por si mesmo, cumprir sua palavra. Deus mesmo pode fazer com que você não cumpra sua palavra. Deus pode te colocar em situações em que você quebre sua palavra. Mas Deus nunca quebra sua palavra. Ele é poderoso para sustentar sua palavra, sua promessa, sua aliança, tudo, porque nele está o poder.
Você pode prometer algo para o seu filho. Você pode dizer: “Olha, filho, se você se esforçar, papai ou a mamãe promete que vamos te presentear com algo.” Mas, de repente, as circunstâncias mudam para você, e você não é capaz de cumprir sua promessa. Por quê? É porque você não quer? Não, você ainda quer abençoar o seu filho, você ainda tem o desejo de dar o que você prometeu, mas você não tem poder para fazer. Faltam-lhe os meios, a capacidade. Em outras palavras, falta-lhe poder, poder para fazer. Mas, em Deus, irmãos, o poder nunca falta, porque Deus é o Todo-Poderoso. Deus é o Senhor dos céus e da terra. Sua palavra é poder. Com sua palavra, Ele chamou o mundo à existência. Com sua palavra, pecados são perdoados. A palavra de Deus é poder. O decreto, aquilo que Deus disse na eternidade, há de se cumprir, seja com Israel, seja com qualquer coisa que Deus decretou desde os séculos.
Isso também deve nos levar, irmãos, a entender essas circunstâncias do decreto de Deus e a viver nossas vidas confiadamente no Senhor. Se coloque no lugar de Israel, se coloque no lugar daqueles milhões de israelitas que estavam ali no deserto, pensando: “Estamos caminhando por esse deserto há anos em direção a uma tal terra da promessa que Deus fez aos nossos pais e a nós, e não chegamos lá ainda.” Quanto tempo você resistiria confiando em Deus que Ele cumpriria sua palavra?
Nós, irmãos, somos privilegiados diante de Israel, porque nós temos a escritura integral. Nós não temos só os primeiros episódios das revelações de Deus, nós temos toda a Bíblia revelada. Nós sabemos que Deus cumpre sua palavra. Sabemos que Ele nunca falha, que Ele é poderosíssimo. Sabemos que o seu decreto vai se cumprir integralmente. Então, diante de qualquer coisa, irmãos, aquilo que Deus determinou para nós é o que vai acontecer. Aquilo que está reservado para cada um de nós, para a nação brasileira, para o mundo, é o que vai se cumprir conforme o decreto divino.
Isso deveria nos fazer repousar em Deus com tranquilidade, não viver uma vida de aflição, de loucura, de desespero, de tentar realizações, como se tudo isso estivesse ao alcance de suas mãos e de sua própria força, como se Deus não tivesse determinado todas as coisas que vão acontecer.
Nós devemos simplesmente, irmãos, confiar no Senhor, na força do seu poder, no decreto eterno. Em segundo lugar, amados, nós temos a sabedoria e a fidelidade de Deus por meio do decreto. Os nossos pais dizem que o decreto demonstra o poder e a fidelidade de Deus. E nós temos aqui, na história de Balaque e Balaão, Deus sendo fiel a Israel.
Não amaldiçoarei. Três vezes são queimados sacrifícios. Em cada ocasião, sete altares foram erguidos, sete sacrifícios foram queimados. Mas Deus nunca amaldiçoou Israel, porque contra Israel não vale encantamento. É o que o falso profeta diz para Balaque: “Olha, contra Israel não há encantamento que funcione, não há feitiço que os alcance, que os detenha. Não há nada para amaldiçoar, eles estão ali protegidos”. É isso que Balaão está dizendo, porque há um Senhor absoluto que os guarda.
Fidelidade de Deus em abençoar e guardar. Veja, aqui não é tanto uma questão de poder. É claro que poder também é necessário para guardar, mas aqui é a fidelidade. É o Senhor dizendo: “Eu disse, e eu farei. Porque eu disse, eu farei”. E o Senhor está abençoando o seu povo, meus irmãos, abençoando o seu amado Israel. O verso 23 é onde Balaão diz: “Certamente não há encantamento contra Jacó, não há qualquer adivinhação contra Israel. Nada prevalece contra eles, nenhum encanto prevalece contra eles”.
O nosso Deus, irmãos, o Deus que enviou Jesus Cristo para morrer em nosso lugar, é o Deus de Israel. É este Deus que é fiel para com seu povo, que não permite que a maldição chegue ao seu povo, que barra todas as tentativas de amaldiçoar o seu povo. Este é o nosso Deus, nele nós devemos descansar das nossas canseiras e das nossas aflições.
Irmãos, eu conheço uma pessoa na minha cidade, ela é crente também, mas ela tem muito medo do demônio, de feitiço, de macumba, todas essas coisas. E ela não gosta nem que você fale sobre isso. Se alguém vai falar sobre essas coisas, ela diz: “Não fale sobre isso, não gosto nem de ouvir essas coisas”. Ela tem medo, né? Mas, irmãos, Aquele que nos guarda, Aquele que nos protege, Ele diz: “Contra nós, não há encantamento”. Nós não estamos negando que as forças do mal possam ser realizadas, executadas por meio de obras de bruxos e coisas dessa natureza. Mas não contra o povo de Deus. Contra o povo de Deus, não há encantamento, não há adivinhação que prevaleça.
Irmãos, essa foi a segunda vez em que Balaão tentou amaldiçoar o povo, aqui na história, nos versículos 13 até o versículo 26. Balaque, o rei, ainda fez uma tentativa. Ele disse: “Então, já que você não pode amaldiçoar Israel, também não abençoe Israel”. Mas Balaão sempre abençoava, porque ele diz: “Aquilo que o Senhor disse, eu tenho que dizer. O Senhor abençoou, eu tenho que abençoar”.
Ah, meus irmãos, assim é o Senhor, o nosso Deus, conforme o seu decreto, que opera poderosamente nos céus e na terra em favor do seu povo, em favor da igreja. O apóstolo Paulo diz claramente, e nós devemos olhar para as palavras de Paulo e pensar nesse episódio de Números. Paulo diz que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por Deus segundo o seu propósito. Todas as coisas cooperam para o bem.
E as escrituras estão cheias de exemplos disso. Os irmãos de José queriam maltratá-lo, feri-lo, até matá-lo, até decidirem vendê-lo como escravo para se livrar para sempre dele. Mas o Senhor tinha outros planos. Aquela ação perversa acabou sendo usada pelo Senhor como bondade. Por meio daquele ato, José se tornou o governador de todo o Egito para abençoar o povo. “Todas as coisas cooperam para o bem”, é o que a palavra de Deus diz.
Isso porque a providência de Deus está em ação. A palavra “providência” vem da palavra “prover”. Lembra daquela passagem em que Abraão está para sacrificar Isaque na pedra, no altar? Ele está com a mão levantada para matar o seu filho, e, de repente, um cordeiro aparece berrando ali nos arbustos, preso, o substituto de Isaque. Antes de tudo isso acontecer, quando eles estavam ainda subindo a montanha, Isaque pergunta: “Pai, aqui está a lenha. Onde está o cordeiro para o holocausto?”. O que Abraão responde? “Deus proverá”. Essa palavra é a palavra usada para “providência”. Deus vai providenciar.
Providência, aqui, nesse episódio em Números, irmãos, é exatamente isso. O feiticeiro está ali para amaldiçoar, mas não há encantamento. Tudo coopera para o bem. Ele é chamado para fazer o mal, mas Deus abençoa. Deus reveste suas palavras, e Deus abençoa Israel. Tudo coopera para o bem. A providência de Deus, o poder sobrenatural, o poder infinito do Senhor, ele opera no mundo, irmãos, para que todas as coisas aconteçam providencialmente para abençoar o seu povo, para seguir exatamente o seu decreto, tudo que ele planejou.
É assim que a obra de Deus é realizada. É por isso que a palavra de Deus se cumpre, irmãos. É por isso que nós temos a revelação do futuro. É por isso que nós sabemos como as coisas vão terminar, porque Deus disse que seria assim. A sua palavra é o decreto, é poder. Se cumprirá exatamente, cabalmente, como dito pelo Senhor. Nada pode cair de tudo que Deus disse. Nenhuma palavra dele pode cair por terra, nunca, jamais. A providência divina opera para que tudo aconteça exatamente como Deus disse. Se Deus disse que ia abençoar Israel no deserto, ninguém poderia impedir que Deus abençoasse Israel.
E sabe, irmãos, a história de Israel no deserto, apesar dos pecados de Israel, é uma história de poder e fidelidade da parte de Deus conforme sua providência. Porque Deus proveu o tempo todo conforme o seu decreto de abençoar Israel. Deus proveu tudo para aquele povo em todas as circunstâncias, desde a libertação do Egito e em toda a passagem pelo deserto, até vencer todos os inimigos que surgiram no deserto, como os amorreus, que eu citei, até conseguir prevalecer diante de tentativas de maldição, de bruxaria e feitiçaria. Deus estava ali provendo, abençoando, guardando o seu povo.
Por que tudo isso é importante para nós, irmãos? Porque desde toda a eternidade, meus irmãos, o Senhor também proveu, por meio do Salvador Jesus Cristo, a bênção para nós, para a igreja de todas as eras, de todas as épocas. O Senhor mesmo, enviando seu Filho Jesus, o precioso e bendito Filho de Deus, proveu redenção para os nossos pecados, proveu libertação para o povo de Deus. Por isso, nós, com toda e absoluta certeza, irmãos, podemos descansar em Cristo Jesus, nos colocar de fato nos braços do Senhor Jesus Cristo e dizer: “Senhor, cuida de mim, Senhor Jesus, guarda-me dos meus inimigos, Senhor Jesus Cristo, protege-me, Senhor, na minha caminhada. Tu és o meu Deus, o meu Salvador. O Senhor foi enviado para me livrar dos meus pecados e para me guardar do mal”.
Nós podemos, irmãos, e devemos dizer isso em nossas orações e clamar diante de Cristo, do Senhor, por isso. Porque a palavra de Deus foi empenhada em nosso favor. Quando o apóstolo Paulo diz: “Agora, pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”, o apóstolo Paulo está nos fazendo lembrar dessas coisas, irmãos, que em Cristo Jesus a providência divina para nós, a providência da graça de Deus para salvação, não há condenação para os que estão nele, para os que descansam em seus braços, para os que são guardados pelo seu sangue precioso, carmesim. Os que estão em Cristo estão seguros, irmãos. Somente os que estão em Cristo estão seguros debaixo do decreto redentivo de Deus na eternidade, ninguém mais.
Assim como Israel foi protegido e guardado, assim como o poder de Deus operou para preservar aquele povo conforme o decreto de Deus, assim acontece conosco, igreja. Há uma operação poderosíssima de Deus em Cristo para nos guardar, nos abençoar, nos livrar. A mão do Senhor é conosco, irmãos, a mão do Senhor é com todos nós. E se Ele é por nós, quem será contra nós? Do que você tem medo? Qual é o temor na sua vida se Deus é com você? Várias vezes o Senhor disse exatamente isso: “Não temas, eu estou contigo”. Ele disse para Moisés, Ele disse para Josué, e Ele diz isso para outros personagens: “Não temas, eu sou o Senhor”. Ele está dizendo que é o Todo-Poderoso: “Mil cairão à direita, dez mil à esquerda, tu não serás atingido”.
É a palavra de Deus, irmãos. Essa palavra de Deus é para nós, em Cristo Jesus. Nós somos guardados. A nossa vida está guardada nas mãos de Deus. A redenção, a salvação, está consumada. Não pode ser mudada. Você não pode ser arrancado da graça de Deus. Há um decreto que estabelece e garante essas coisas, irmãos. Um decreto divino que diz: “Ele é meu”, e ninguém pode mudar isso.
Para finalizar, lembrem das palavras de Balaão a respeito da cobrança sobre a maldição. Quando Balaque diz para que Balaão amaldiçoe, ele diz: “Eu não posso reverter isso”. A bênção de Deus sobre Israel, versículo 20, “eu não posso reverter a bênção de Deus sobre Israel”, porque Ele disse, Ele falou, Ele determinou, Ele decretou. É impossível mudar. Vamos ficar de pé, irmãos, vamos orar. Vamos louvar ao nosso Deus, agradecer ao nosso Senhor pela sua palavra a nosso favor, empenhada para a nossa salvação.
Curve a cabeça.
Poderoso Deus, Pai bendito, Pai de Jesus, o nosso Salvador e nosso Pai, nós te louvamos, Senhor Deus, e nos alegramos na tua presença pelo decreto eterno da nossa salvação, por ser o Senhor o nosso Deus e nós sermos o teu povo, as ovelhas do pastoreio de Cristo. Obrigado, Senhor Deus dos céus e da terra, Deus que mantém sua palavra de pé, Deus que jamais volta atrás, Deus que não pode mentir. Nós louvamos o teu nome, Senhor, por estarmos em tuas mãos, assegurados para toda a eternidade com o Senhor Jesus Cristo, em toda a glória que nos está reservada. Senhor Deus, abençoa a tua igreja, o teu povo, que agora se reúne aqui, Senhor Deus, em oração e clama a tua presença. Senhor Deus, que foi certamente edificado pelo teu Espírito e encorajado a descansar no decreto do Deus Todo-Poderoso em seu favor. Ó Deus, traz ao coração de toda a tua igreja esta lembrança maravilhosa de que o Senhor é por nós, o Senhor decretou a nosso favor, o Senhor nos enviou Jesus, o Salvador, para nos guardar, e ninguém pode mudar isso, ninguém pode reverter isso. Louvado seja o teu nome, Senhor dos céus e da terra, pela tua graça maravilhosa, pelo teu poder, pela tua grande fidelidade, Senhor, em nos guardar, mesmo sendo nós pecadores, e em nos perdoar os pecados em Cristo Jesus. Óh, Senhor, muito obrigado. Para sempre e sempre seja louvado o teu nome santo e glorioso. Amém.