Sermão em 2 Pedro 1:19-21, sobre na doutrina da Escritura e as falsas profecias. Baseado na CFB 1689, capítulo 1, Sobre a Escritura.
Queridos irmãos, quero saudá-los com a graça e a paz do nosso Salvador Jesus Cristo, o Senhor. Quero convidá-los a abrir a Escritura na segunda carta do apóstolo Pedro, capítulo primeiro. Vamos ler dos versos 19 ao 21. Eu louvo ao nosso Deus, irmãos, por essa noite, por esse dia especial que Ele nos dá, onde podemos, com alegria, cultuar o Senhor, adorar e bendizer o Seu nome tão precioso. Deus é tão bom, irmãos. Ele nos traz, Ele nos incomoda com o Espírito Santo para estarmos na Sua casa, na adoração. Ele nos guia até a igreja, o lugar do culto e da adoração, para louvarmos o Seu nome com grande alegria. É um grande privilégio que nós temos de estar na casa de Deus, adorando o Senhor.
Segunda Pedro, capítulo 1, versos 19 ao 21. Então, a partir de agora, eu peço toda a atenção dos irmãos. Mantenham suas bíblias abertas nesta passagem e, em silêncio, ouçam o que diz a Escritura:
“E temos também uma palavra de profecia mais segura, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que brilha em um lugar escuro, até que o dia amanheça e a Estrela da Manhã surja em vossos corações, sabendo, primeiramente, que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia não veio no tempo antigo por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram à medida que eram movidos pelo Espírito Santo.”
Curve a cabeça, vamos orar ao Senhor:
Pai bendito, seja o Senhor, Deus de toda a terra, dos céus e da terra. Senhor, nós Te louvamos e Te adoramos, e nos apresentamos à Tua presença em nome de Jesus, o nosso Senhor e Salvador, Teu Filho que morreu na cruz para nos salvar, derramando Seu sangue tão precioso por nós, pecadores. Obrigado, Senhor, por ter compaixão de nós, por nos libertar dos nossos pecados e por nos fazer servos do Senhor. Agora nós suplicamos, ó Deus, que nos ajude com a Tua palavra, pois nós sabemos que esta é a palavra da profecia e que o Senhor fala com a Sua igreja por meio da pregação e da Santa Escritura. Fale conosco, Senhor, por meio do Teu Espírito Santo, que cada palavra, cada ensinamento seja levado ao coração de todos que aqui estão, para a glória do Senhor, para o louvor e a glória do Teu nome, para que a verdade suprema da Tua palavra se estabeleça hoje e para sempre. Em nome de Jesus Cristo, Salvador, peço, Senhor Deus, ainda, Pai, que na Tua grande misericórdia traga pecadores ao arrependimento essa noite. Aqueles que estão distantes, aqueles que começaram a sair da vereda santa da salvação, Senhor, usa da Tua misericórdia e os põe de volta a caminhar com o Senhor Jesus, com a Tua palavra como guia e direção. Pai bendito, se não há homens ou mulheres salvos essa noite aqui, aqueles que não conhecem Jesus, Deus, tenha compaixão essa noite, Senhor. Salve pecadores, nós suplicamos em nome de Jesus, Senhor, pela Tua misericórdia e a Tua graça. Sem Ti nada podemos fazer, Senhor. Amém.
Irmãos, o título desta mensagem é “A Supremacia das Escrituras sobre a Profecia Não Escrita”. Eu quero tratar com vocês hoje e tentar mostrar a vocês que a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus, é a suprema revelação de Deus para a igreja, maior e melhor do que qualquer outro tipo de revelação que já possa ter existido sobre a face da terra, mesmo as revelações do próprio Deus aos profetas, quando ainda não estavam estas escritas e se tornando assim a palavra escrita de Deus. E eu quero tratar com vocês, baseado neste texto que nós acabamos de ler de Pedro.
Muita gente hoje alega receber mensagens de Deus da mesma forma que os antigos recebiam no passado, da mesma forma que os profetas receberam no Antigo Testamento, e até da mesma forma que Moisés recebeu de modo pessoal a palavra de Deus. Numa certa igreja, alguém diz: “Ontem Deus falou comigo por meio de um sonho”, e tal pessoa sonhou e teve ali no seu sonho algum tipo de mensagem, pelo menos ele supõe ser uma mensagem de Deus e acredita que Deus falou com ele por meio de um sonho. Outro diz: “O Senhor apareceu para mim numa visão e me disse isso ou aquilo”. Como nós vamos saber se, de fato, o Senhor apareceu? Outros alegam receber profecias de Deus, dizendo: “Assim diz o Senhor”, como diziam os profetas do Antigo Testamento.
Irmãos, mesmo se tudo isso fosse verdade — o que não é —, mas mesmo se tudo isso fosse verdade, seria um retrocesso na maneira de Deus se revelar. Além disso, seria uma contradição clara ao que está escrito, revelado pelo Espírito Santo, na carta aos Hebreus, capítulo 1, versos 1 ao 2, o qual diz: “Deus, que várias vezes e de diversas maneiras falou no passado aos pais pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Seu Filho, a quem constituiu o herdeiro de todas as coisas e por quem também fez os mundos.” Como está explicitamente revelado aqui na carta aos Hebreus, Deus se revelou de fato no passado de muitas maneiras diferentes. Antigamente, a revelação divina acontecia de forma mais direta, antes da queda, quando Deus, por exemplo, diz o texto, andava com Adão e conversava com ele como se fossem dois homens conversando. Mas era Deus e Adão no Jardim do Éden que conversavam. Conversavam como se fossem duas pessoas, dois homens conversando.
Abraão falou com Deus e esteve com Deus. Temos essa narração a partir de Gênesis 12. Ele foi obediente à palavra que Deus falou a ele. Moisés também teve grandes privilégios em relação a falar com Deus. Todavia, essa revelação de Moisés se deu também por meio de teofanias, que são o aparecimento de Deus em diversas formas diferentes. Por exemplo, quando Deus aparece a Moisés na sarça ardente, aquele arbusto que queimava era uma teofania. Era Deus ali, falando com Moisés na imagem ou na figura de uma sarça que ardia e não se consumia. Então, Deus falou de fato de muitas maneiras no passado. Deus também se revelou por meio de visões. Deus se revelou por meio de sonhos ou dos profetas, que entregavam a palavra de Deus às pessoas no seu tempo. Essas foram formas de Deus se revelar no passado, mas não no presente. Não é assim que Deus fala hoje. Ele continua falando hoje, Ele continua se revelando hoje, mas não como no passado. Hoje, Ele fala por meio da Sua palavra escrita, da Palavra de Deus. A maior e mais segura maneira de Deus se revelar, queridos irmãos, se deu por meio da Escritura ou da profecia escrita, que é a Bíblia. Ela é a profecia escrita para nós. Por isso, ela é chamada de Escrituras Sagradas, porque, de fato, é um livro sagrado por ser a profecia divina para o povo de Deus.
E aqui reside uma grande diferença entre a nossa tradição batista, por exemplo, e a tradição dos grupos pentecostais, que acreditam que Deus ainda fala como se falava no passado: por sonhos, por visões, revelações audíveis e por aparições teofânicas. Mas Ele se revela, de fato, apenas pela Sua palavra, as Escrituras Sagradas. Deus fala somente pelas Escrituras, mas não fala mais de maneira audível como os profetas que podiam ouvir a voz de Deus audivelmente. Eles escutavam Deus falando, uma voz falando com eles, e entregando-lhes a profecia para eles levarem ao povo. Ele não fala mais por meio dos sonhos, como Ele fez no passado com José e tantos outros personagens que sonharam, e o sonho era, na verdade, uma revelação das coisas futuras. E então havia um intérprete, um homem de Deus, que revelava o sonho, explicava o sonho conforme Deus mesmo dava a interpretação a este homem.
Deus não fala mais dessa maneira, segundo a carta aos Hebreus. E Ele também não fala mais da maneira em que visões eram dadas aos homens, porque no passado Deus também aparecia aos homens e falava com os homens. Todas estas formas do Senhor se revelar cessaram.
Os nossos pais batistas reformados escreveram na sua confissão de fé, a Confissão de Fé Batista de 1689, no primeiro capítulo e no primeiro parágrafo, o seguinte, mais ou menos na metade do parágrafo:
Portanto, aprove ao Senhor em diversas ocasiões e de muitas maneiras revelar-Se e declarar a Sua vontade para Sua igreja e, posteriormente, e para a melhor preservação e propagação da verdade, e para o mais seguro estabelecimento e consolo da igreja contra a corrupção da carne, contra a malícia de Satanás e do mundo, concedeu a mesma completamente por escrito, o que faz das Sagradas Escrituras. Aqueles antigos modos de Deus revelar Sua vontade ao Seu povo estão agora completados.
Em outras traduções da Confissão de 1689 a expressão “cessaram” surge em substituição da frase “estão agora completados”, porque a palavra ou a revelação final de Deus já nos foi dada pelas Escrituras Sagradas.
Agora, olhem para 2 Pedro, irmãos. Quando o apóstolo Pedro escreveu as palavras que estão aqui nos versos 19 ao 21, que nós acabamos de ler, ele tinha em mente a supremacia da revelação escrita. Eu quero que vocês entendam que, quando se fala de revelação, existe a revelação que foi apenas uma palavra de Deus a um profeta ou uma pessoa no passado, mas que este não escreveu, e existe a revelação que Deus ordenou que fosse escrita. Ambas são revelações de Deus, mas a revelação escrita é a suprema, irmãos.
Então, Pedro, nos versos 19 a 21, tinha em mente exatamente essa supremacia das Escrituras, da Bíblia, sobre qualquer outro tipo de revelação. Embora, nos dias de Pedro, a Bíblia ainda estivesse sendo escrita, aquilo que já estava escrito era uma revelação superior a qualquer tipo de revelação que tivesse acontecido anteriormente. Nos dias de Pedro, o Novo Testamento estava sendo escrito. Essa carta de Pedro, por exemplo, é uma das cartas que fazem parte do Novo Testamento. Mas o cânon, ou seja, todas as Escrituras, ainda não estava fechado. Ainda estava entrando revelação na Bíblia, livros na Bíblia. O Apocalipse ainda seria escrito por João. Aquela revelação ainda seria dada a ele para que se tornasse Escritura, e muitas outras partes da Bíblia no Novo Testamento estavam em formação ainda. Algumas cartas do apóstolo Paulo provavelmente, nessa altura, ainda não haviam sido escritas. Então, o Novo Testamento estava em formação, mas o Antigo Testamento já era uma realidade, já estava escrito.
Irmãos, o apóstolo Pedro consola a igreja a esperar nas promessas do Senhor Jesus, especialmente na Sua segunda vinda. Olhem para o verso 16, meus irmãos. Nós vamos encontrar duas coisas que devem despertar a nossa atenção e ajudam a fortalecer o argumento do apóstolo Pedro em relação à suficiência das Escrituras. A primeira coisa, no verso 16, é que ele diz que a volta de Cristo não tem origem em fábulas que foram imaginadas pelos homens no passado. Então, havia nos dias de Pedro, como em todas as épocas, lendas, fábulas, invenções, imaginações de coisas futuras que nunca se concretizaram porque são fábulas, são invenções, não é a verdade, não é revelação autêntica. E Pedro está dizendo que, quando se trata da volta de Jesus prometida, Sua segunda vinda, isso não vem de fábulas. Vem de uma profecia, diz o apóstolo Pedro, de uma profecia. E quando ele diz isso, amados irmãos, ele fala sobre o valor da profecia.
Mas, em segundo lugar, aqui no verso 16, Pedro também afirma que foi uma testemunha ocular da majestade de Cristo, ou seja, da ressurreição do nosso Senhor, o que garante a ressurreição dos mortos em Cristo, conforme a Palavra de Deus promete. Pois, se Cristo ressuscitou dos mortos, todos os que estão n’Ele igualmente ressuscitarão com Ele no último dia. É certo que haverá uma ressurreição dos mortos.
Então, no verso 16, Pedro fala de duas formas de revelação diferentes. Ele fala, primeiro, das supostas revelações que ele chama aqui de fábulas imaginadas, coisas da imaginação, o que pode se aplicar a muitas reivindicações atuais de pessoas que alegam ter uma visão de Deus, uma mensagem de Deus especial, um sonho, ao qual Deus lhe disse isso ou aquilo. Mas isso, na perspectiva de Pedro, não é revelação, não é Escritura, não é a palavra de Deus, são fábulas apenas, segundo Pedro nos mostra aqui.
E a segunda revelação, irmãos, é a revelação ocular, aquela revelação em que você de fato vê quando algo acontece. E Pedro está dizendo que ele foi testemunha ocular da ressurreição de Cristo. Ele viu o Senhor ressurreto. Vocês sabem, irmãos, que a maior prova, hoje considerada, é a prova da testemunha ocular. Então, alguém pode supor alguma coisa, alguém pode fazer uma dedução, alguém pode criar uma teoria ou imaginar um certo cenário baseado em coisas que ouviu, mas nada é tão forte quanto alguém que diz: “Eu estava lá, eu vi com meus olhos, eu vi acontecer”. Juridicamente, inclusive, é uma prova também muito forte.
Mas Pedro vai além. Ele diz que tudo isso está abaixo, todo esse tipo de revelação está abaixo das Escrituras. Elas são a revelação final. Então, Pedro diz que as bases dessa promessa da ressurreição e da segunda vinda de Cristo são superiores, pois estão embasadas numa autêntica profecia de Deus, escrita no Antigo Testamento. E ainda é mais segura do que fábulas e do que revelações anteriores, porque é a revelação que foi escrita, a profecia de Deus.
Nos tempos do Novo Testamento, eu quero tratar com vocês aqui três perspectivas acerca desse argumento do apóstolo Pedro da supremacia das Escrituras sobre a revelação não escrita. A primeira é sobre a autoridade e a clareza da Escritura, da Bíblia. No verso 19, Pedro começa dizendo: “Temos ainda uma profecia mais segura”. Olhe essas palavras no verso 19: “Temos também uma palavra de profecia mais segura”. Ele afirma que a palavra de profecia escrita aqui, a Bíblia — e ele se refere às Escrituras —, é mais segura e mais confiável do que qualquer revelação ou experiência pessoal. Mesmo que as experiências espirituais sejam valiosas, irmãos, a palavra de Deus escrita é infalível e permanece para sempre.
Eu não estou aqui negando que hajam experiências espirituais reais com os cristãos. É claro que Deus, pelo Espírito Santo, nos leva a ter grandes experiências com Ele. Mas revelação é diferente de ter uma experiência com Deus. A experiência de fato é algo muito pessoal. Às vezes, você está, por exemplo, passando por um problema e está ali sem saber o que fazer, desesperado, e vem aquele consolo que, às vezes, você nem sabe explicar. Mas Deus penetra na sua alma e traz paz ao seu coração, mesmo em meio aos problemas. E, às vezes, você vai tentar dizer isso para alguém e não consegue expressar. Você sabe que Deus agiu ali, você sabe que foi a mão do Todo-Poderoso trazendo paz, consolo, alegria, mas você não sabe dizer como isso aconteceu.
Mas veja, isso é uma experiência, mas não é uma revelação nova. Deus não está entregando uma mensagem para você. Ele te proporcionou, de fato, Dele mesmo, e te fez sentir a paz que só Deus pode dar. Amados, nós devemos rejeitar toda suposta revelação pessoal e toda palavra fora da Escritura. Se alguém chega a você e diz: “Olha, eu estava na igreja ontem e Deus falou comigo e disse para mim te dizer isso”, imediatamente diga: “Não. Deus fala comigo pelas Escrituras. Se Deus falou com você, por que Ele não falou comigo? Por que Ele não veio a mim e falou a mim e revelou-se a mim?”. Não. Deus fala pela palavra, pelas Escrituras Sagradas. A única palavra profética é a palavra de Deus escrita, esta aqui que nós temos, que nós carregamos, trazemos para a igreja, abrimos e lemos. É a palavra de Deus, a Bíblia.
Sonhos, visões, qualquer outro tipo de nova revelação de Deus deve ser rejeitado pelo povo de Deus, pela igreja. E não tenha medo de fazer isso, irmãos. Algumas pessoas ainda têm um espírito muito cheio de misticismo, e elas acham que, de repente, se rejeitarem isso, Deus vai puni-los. Quem sabe não é mesmo Deus falando? Não, irmãos. Deus fala na palavra, e na palavra Ele diz que os antigos modos cessaram. Ele nos deu a Escritura. Quando você atende a esse tipo de revelação, você nega a suficiência das Escrituras. Porque, se Deus precisa falar fora das Escrituras com você, é porque as Escrituras não são suficientes. Isso não é verdade. Ela é toda suficiente, irmãos.
Não há uma mensagem divina em um sonho. Deus não fala mais dessa maneira. E por que não, irmãos? Por causa da Bíblia. Porque Ele nos deu a palavra escrita. Ela é plenamente suficiente nos termos de revelação, e nós devemos usar as Escrituras como padrão pelo qual todas as outras supostas palavras proféticas ou revelações são testadas. No passado, está escrito em Deuteronômio, Deus havia dito: “Quando um profeta disser algo e isso não acontecer, mate o profeta, porque é falso profeta. Ele falou o que eu jamais falei a ele”. Ora, se Deus diz isso numa época em que havia revelação nos antigos modos, e agora Ele nos dá a palavra, o que dirá se chegar um tal profeta hoje, dizendo: “Eu tive um sonho, uma visão, uma revelação de Deus especial para você”? Para trás, irmãos. Não aceite nenhuma revelação fora da Sagrada Escritura.
Irmãos, nós vivemos num mundo cheio de “vozes proféticas”, cheio de homens e mulheres que alegam falar com Deus e receber revelação de Deus. Não concorde com isso, meus irmãos. A Bíblia é a nossa âncora de segurança. Nós estamos firmados nela. É a âncora da nossa fé. Isso deve ser feito para provar que tais revelações são falsas e para que elas sejam desmascaradas em suas próprias mentiras. Quando alguém chega a você, já deve ter ouvido muitas vezes pessoas profetizando em nome de Deus, e as coisas não aconteceram. Quantas vezes já profetizaram que haveria uma Terceira Guerra Mundial e as datas já passaram, e nunca aconteceu? Eles tentam maquiar as profecias, tentando dar alguma explicação para justificar o erro, mas não é para agora, é para depois.
As Testemunhas de Jeová, falsos cristãos, já anunciaram várias vezes o fim do mundo. Eles anunciaram o fim do mundo em 1970, várias vezes naquela década, e nunca aconteceu. São falsos profetas. E não somente eles, irmãos. Há muitos outros falsos profetas espalhados por aí, que longe das Escrituras Sagradas, da revelação escrita, continuam falando o que Deus não falou. E muito do povo de Deus acaba caindo nessas armadilhas. Fiquem com as Escrituras Sagradas, irmãos.
O apóstolo Pedro diz que nós fazemos bem em atentar para estas coisas escritas e reveladas por Deus, como uma luz que brilha em um lugar escuro. Ele usa aqui uma ilustração interessante, meus irmãos, porque ele compara a Escritura com uma luz no meio da escuridão. Numa sala escura, a Escritura ilumina o caminho para a verdade, afastando toda confusão.
Eu lembro quando eu era criança, assim como os meninos pequenos que vemos na igreja, que eu ia passar as férias na casa dos meus avós. Naquela época, não havia energia elétrica por lá. Era na zona rural, um lugar muito isolado, até hoje. Eu adorava aquele lugar durante o dia, mas, à noite, eu tinha medo. A casa era uma casa de fazenda, grande e antiga. Meu avô contava as histórias daquela casa, como foi construída, de onde veio a madeira. Eu ficava impressionado com tudo isso. Mas, quando caía a noite, o medo tomava conta. A casa parecia mal-assombrada, e eu me tremia de medo.
Quando as lamparinas eram apagadas por volta de sete horas da noite, ficávamos na escuridão total. Era um breu completo, uma escuridão tão intensa que eu achava que tinha ficado cego. Não se via nada. Eu tinha que me levantar à noite e andava tateando pelas paredes, com o coração acelerado de medo. Até que meu avô, que tinha sono leve, dizia: “A lamparina está em cima do peitoril”. Às vezes, eu me assustava com a voz dele no escuro. E, quando eu finalmente acendia a lamparina, tudo ficava claro.
Veja, essa é a ilustração que Pedro usa aqui. As Escrituras não são qualquer revelação. A revelação escrita, a Palavra de Deus, é como uma luz que ilumina nosso caminho. Essa luz nos desvia dos obstáculos, nos guia. As Escrituras iluminam o nosso caminhar, irmãos. Elas são uma lâmpada. Elas são essenciais para nos guiar, porque, no escuro, sem uma luz, você não consegue se locomover. A Escritura é vital para guiar nossa vida espiritual.
Davi, o rei, disse no Salmo 119: “Tua palavra é uma lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho”. As Escrituras, a palavra de Deus, são a luz que ilumina o nosso caminho, para que não tropecemos. O mesmo não pode ser dito em relação a essas supostas revelações que as pessoas alegam receber. Mais uma vez, quem pode garantir a autenticidade dessas revelações? Além disso, se as Escrituras já são uma lâmpada que ilumina o nosso caminho, por que eu deveria olhar para outra luz? Será que as Escrituras não são suficientes para iluminar o seu caminho? Você precisa, além da luz das Escrituras, de uma outra luz, uma outra revelação, uma outra mensagem? Não, você não precisa. Porque a Bíblia é suficiente para você. Ela é a palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo, e é a luz para os seus pés não tropeçarem em nenhuma pedra.
Há uma aplicação importante aqui, meus irmãos. Você precisa dar atenção constante à palavra de Deus, porque ela te protege do erro. É a Bíblia que te conduz em segurança na sua vida, nas decisões que você precisa tomar. Ela é vital, especialmente em tempos de incerteza e de escuridão espiritual. Não há nada melhor, irmãos, quando você está aflito, sem saber o que fazer, do que parar tudo e dizer: “Eu vou orar”. O que você vai fazer quando não encontrar uma solução? Ore. Ore e peça a Deus: “Senhor, mostra-me na Tua palavra, guia-me pela Tua verdade”. Dê atenção às Escrituras Sagradas. Olhe para as Escrituras, porque a verdade está nelas. Na Bíblia, está o testemunho de Cristo, o nosso Salvador. Lembre-se, as Escrituras são a lâmpada para os nossos pés.
Em segundo lugar, quero falar sobre a supremacia das Escrituras sobre a revelação não escrita. Pedro diz: “Sabendo primeiramente isto, que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação”. Ele está falando da profecia escrita, da Bíblia, aquilo que já estava escrito. Pedro diz: “Nenhuma delas é de particular interpretação”. A revelação escrita na Bíblia é bem diferente das supostas revelações atuais, porque a Bíblia foi inspirada pelo Espírito Santo. Por isso, ela não tem erro nenhum. Ela é de confiança. Nós podemos repousar tranquilamente nas Escrituras Sagradas, porque o que está nelas procede do Espírito de Deus.
Além disso, irmãos, tudo o que está escrito nas Escrituras Sagradas não vem da imaginação dos homens. Como diz o apóstolo Pedro, não são fábulas, não são invenções. Não é um livro de literatura ficcional. É a revelação da verdade, pelo Autor da vida, pelo Criador, por Deus. Não é uma invenção humana para enganar as pessoas desavisadas. Também as Escrituras não procedem do diabo. Mas muitas das falsas revelações procedem de Satanás, irmãos, e são dadas para a destruição daqueles que as seguem.
O apóstolo Pedro afirma que a interpretação das Escrituras não é subjetiva, nem baseada nas opiniões pessoais de qualquer pessoa. Ou seja, ninguém tem o poder de interpretar a Bíblia do seu jeito. Ela é uma revelação de Deus. Ela tem uma mensagem única e absoluta de Deus, que não pode ser distorcida. Qualquer pessoa, seja quem for, não pode distorcer a Escritura. Ela tem um significado e uma interpretação, e não vem de homens, como diz o apóstolo Pedro. Isso significa que a palavra de Deus não tem origem humana e não deve ser interpretada conforme o entendimento particular dos homens, mas deve ser compreendida à luz de toda a revelação.
Os reformadores diziam o seguinte: “A Escritura interpreta a Escritura”. Então, quando você está diante de uma passagem das Escrituras que você não entende muito bem, você deve procurar na própria Escritura, em outras partes, o significado mais claro para aquela passagem. E assim nós encontramos a verdade. Escritura interpreta Escritura.
Eu acabei de fazer isso aqui no começo da pregação, onde eu li Pedro e fui para Hebreus. A Escritura interpreta a Escritura. É o que os reformadores nos ensinaram a fazer, e nós devemos seguir esse princípio. Não há continuidade na revelação porque a revelação está completa. Imagine se o cânon da Bíblia — o conjunto de livros da Bíblia — estivesse aberto e Deus continuasse entregando livros inspirados. Havia um professor meu no seminário que conversou com um pentecostal. O pentecostal dizia que as revelações vinham de Deus, e o professor perguntou: “Se vem de Deus, então essas palavras são inspiradas por Deus, certo?” O jovem ficou um pouco desconcertado, mas acabou concordando. Então, o professor disse: “Se são inspiradas por Deus, então são Escritura. Por que você não as escreve no final da sua Bíblia, nas folhas em branco? Afinal, se é palavra de Deus, deveria estar na Bíblia.”
Esse diálogo expôs a inconsequência da ideia de novas revelações. Porque, se fosse de fato palavra de Deus, deveria ser considerada Escritura Sagrada, mas ninguém ousa adicionar essas “revelações” à Bíblia. E por quê? Porque elas não são, de fato, revelações autênticas de Deus.
Agora, vou apresentar três argumentos que sustentam a doutrina de que a revelação de Deus, como ocorria no passado, cessou.
Primeiro, a suficiência das Escrituras. A Bíblia é completa e suficiente para guiar a fé e a prática do povo de Deus em todas as eras. Desde que Deus entregou Sua palavra escrita, ela tem sido o instrumento para guiar o Seu povo. Mesmo quando novas revelações estavam sendo dadas, ainda assim, as que estavam escritas eram observadas como palavra de Deus. Agora, com o Novo Testamento completo, não há mais necessidade de novas revelações. Tudo o que Deus quis comunicar já está registrado na Bíblia. Tudo o que é necessário para a nossa salvação e para a nossa vida de fé já está contido nela. Como Paulo escreve em 2 Timóteo 3:16-17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja plenamente capacitado para toda boa obra.”
Segundo, o fechamento do cânon. Quando o último livro do Novo Testamento foi escrito, o cânon foi fechado. Não há necessidade de novas revelações, visões, sonhos ou profecias, pois tudo o que é necessário para a vida e piedade já está nas Escrituras. Em Apocalipse 22:18-19, o apóstolo João faz uma advertência severa contra adicionar ou retirar qualquer coisa das palavras da profecia do Apocalipse. Embora essa advertência se refira diretamente ao livro de Apocalipse, aplica-se à totalidade das Escrituras, pois toda a Bíblia é inspirada por Deus.
Em terceiro lugar, os pais da igreja primitiva. Muitos dos pais da igreja nos primeiros séculos também reconheceram que a revelação havia cessado. Vou citar apenas alguns exemplos. Irineu de Lyon, que viveu entre os anos 130 e 202 d.C., disse: “Sabemos que os apóstolos foram o fim da Lei e dos Profetas, e desde aquele tempo em que o evangelho foi pregado, toda a profecia foi encerrada e selada.” Tertuliano, que viveu entre 160 e 225 d.C., afirmou: “A lei e os profetas duraram até João. A partir daquele tempo, o reino de Deus foi anunciado, e os dons de graça foram derramados. Mas, desde que o evangelho foi estabelecido, esses dons cessaram.” Cipriano de Cartago (200 a 258 d.C.) disse: “O Espírito Santo está presente, não mais para inspirar novos profetas, mas para confirmar e selar a fé que foi dada uma vez por todas aos santos.”
Orígenes, que viveu entre os anos de 184 a 253 d.C. Ele diz mais uma vez: “a igreja recebeu os livros canônicos que são a fonte de salvação para que aqueles que desejam saber a verdade possam encontrar as palavras da Verdade. Além desses Não há necessidade de buscar algo mais, pois tudo que é necessário para a fé e a vida está contido nestes livros. Por último, Atanásio de Alexandria, no ano 296 a 373 d.C. “Esses são os rios que regam o paraíso de Deus. É dizer: os livros divinamente inspirados que foram entregues pelos Apóstolos e seus sucessores a partir deles é que faz a irrigação das igrejas de Cristo em todo o mundo. Não se deve adicionar ou tirar qualquer coisa dessas águas puras e salvíficas”. Estes homens viveram logo após o período de vida dos Apóstolos. Esta seleção pequena – apenas do segundo século e apenas um do terceiro – todos eles viveram logo após a morte dos Apóstolos. Alguns foram discípulos dos Apóstolos e eles entendiam que o cânon estava fechado e que não havia novas revelações de Deus.
Esses homens viveram logo após o período dos apóstolos. Alguns deles foram discípulos de discípulos dos apóstolos, e eles entendiam que o cânon estava fechado, que não havia mais novas revelações de Deus. A partir desses testemunhos, podemos ver que a ideia de novas revelações fora das Escrituras não era aceita pelos primeiros cristãos. Eles sabiam que, com a morte dos apóstolos e o fechamento do cânon bíblico, Deus já havia entregue tudo o que era necessário para a salvação e a vida de fé.
O grito da Reforma Protestante, no século XVI, foi “Sola Scriptura”, ou seja, “Somente as Escrituras”. A Bíblia é a única regra de fé e prática. Não precisamos de novas revelações. Na verdade, precisamos rejeitar qualquer suposta revelação que vá além das Escrituras.
Chegamos, então, às palavras finais dessa mensagem, e eu quero aplicar algumas lições para vocês, meus queridos irmãos.
Primeiro, valorizem as Sagradas Escrituras. Cada membro dessa igreja, cada um de vocês, deve valorizar a leitura das Escrituras, porque elas são a única revelação de Deus que temos. A Bíblia é a fonte mais firme da verdade. Ela é inspirada, infalível, inerrante, e Deus deu-a a vocês como Sua palavra. Não negligenciem a leitura diária da Bíblia. Meditem nas Escrituras, estudem-na, para que vocês possam crescer na fé e no conhecimento de Deus. Orem pedindo a Deus que lhes dê compreensão das Escrituras, pois somente o Espírito Santo pode iluminar as mentes e trazer clareza sobre a palavra de Deus.
Em segundo lugar, usem as Escrituras como padrão para julgar qualquer suposta revelação. Se algo não estiver de acordo com a palavra de Deus, rejeite imediatamente. Se uma revelação supostamente divina coincidir exatamente com o que já está na Bíblia, então ela é desnecessária, pois a Bíblia já diz isso. Isso só prova mais uma vez que as Escrituras são suficientes e completas.
Mantenham-se firmes, profundamente enraizados na Bíblia, para evitar os enganos espirituais que cercam o mundo. Muitas pessoas caem em heresias e falsos ensinos porque não conhecem a profundidade das Escrituras. Quando o falso evangelho vem, elas são levadas pelos ventos de doutrina, porque não estão firmadas na palavra de Deus. Como Paulo diz em Gálatas: “Ainda que um anjo do céu vos pregue outro evangelho além do que já vos pregamos, que seja amaldiçoado.” O verdadeiro evangelho e a verdadeira revelação de Deus estão nas Escrituras, e nada além delas é necessário.
Concluindo, a profecia escrita, ou seja, a Bíblia Sagrada, é superior a qualquer outra revelação. Ela é a palavra final de Deus para a humanidade. Ela é a âncora da nossa fé e a luz que ilumina nosso caminho. Cristo está nas Escrituras. Jesus disse que toda a Escritura fala Dele. Se você quer encontrar a Cristo, mergulhe nas Escrituras. Lá está o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
Amém. Vamos nos levantar em reverência ao nosso Deus e orar juntos.