A incomparável bondade de Deus

 

Sermão em Êxodo 34:5-7, sobre na doutrina da bondade de Deus. Baseado na CFB 1689, capítulo 2, Sobre Deus e a santíssima Trindade. Pregado em 25/08/2024.

 

Que alegria, irmãos, estarmos na casa do Senhor para juntos adorarmos e bendizer o santo nome d’Ele. Irmãos, abram suas bíblias hoje no Antigo Testamento. Vamos ler no livro de Êxodo. Vocês podem abrir no capítulo 34 de Êxodo. Mantenham suas bíblias abertas em Êxodo, capítulo 34. Quero que vocês prestem bastante atenção à mensagem desta noite, com a esperança de que o Espírito de Deus fale ao coração de cada um de vocês.

 

Às vezes, as maiores revelações de Deus em nossas vidas vêm logo após grandes acontecimentos ou crises que passamos por causa do pecado, por causa da desobediência. Quando estamos literalmente afundando cada vez mais em coisas pecaminosas e erradas, é nesses momentos que Deus, às vezes, se revela de maneira especial. Deus costuma revelar sua bondade quando estamos afundando no pecado e na desobediência. Isso já aconteceu com algum de vocês? Vocês já provaram da misericórdia de Deus quando, na verdade, mereciam ser destruídos pelo Senhor por causa dos pecados, por causa da própria maldade de vocês? Em lugar de receber a retribuição divina, ou seja, o castigo, o juízo de Deus, que vocês até aguardavam, Deus vem com misericórdia, com bondade e com graça.

 

Deus faz coisas assim maravilhosas. Essa passagem de Êxodo 34, a partir do verso 5, nos mostra isso. Do verso 5 ao verso 7, o texto diz assim:

 

“E o Senhor desceu na nuvem, se pôs ali com ele e proclamou o nome do Senhor. O Senhor passou adiante dele e proclamou: ‘O Senhor, o Senhor Deus misericordioso e gracioso, longânimo e grande em bondade e verdade, que guarda a misericórdia em milhares, perdoando a iniquidade, a transgressão e o pecado, e que de forma alguma inocenta o culpado, visitando a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até a terceira e quarta geração.'”

 

Vamos curvar nossas cabeças por um instante e orar ao nosso Deus. Pai bendito e amado, te damos graças, Senhor dos céus e da terra, criador soberano, pela tua bondade, Senhor Deus, que é derramada sobre nós constantemente. Como disse Jesus Cristo: “Sem mim nada podeis fazer.” E, de fato, também é verdade, Senhor Deus, que recebemos da tua bondade e da tua graça a cada momento de nossas vidas. Ó Senhor Deus, nos ensine mais nesta noite sobre este grande atributo do Senhor. Nos faça conhecer o Senhor e como o Senhor é bom, misericordioso, como o Senhor é maravilhoso. Que o teu Espírito nos conduza nesta noite, Senhor, para a glória do teu nome santo. Nós oramos em Cristo Jesus. Amém.

 

A bondade de Deus é um dos seus atributos. Por isso, é mais correto afirmarmos que Deus é bondade do que dizer que em Deus há bondade. Não é errado dizer que em Deus há muita bondade, mas é mais preciso teologicamente afirmar que Deus é a própria bondade, porque Deus é os seus atributos. Ele é justiça, Ele é amor, Ele é santidade. Deus, o grande Deus, é os seus próprios atributos. E, em toda a história da igreja, meus irmãos, esse atributo maravilhoso da bondade de Deus foi sempre ressaltado.

 

Isso é impressionante, porque, em um rastreamento na história da igreja, sempre passamos por homens de Deus, escritores sacros que ressaltaram a bondade de Deus. Não apenas a bondade expressa claramente nas Escrituras Sagradas, porque a Bíblia dá testemunho da bondade de Deus, mas a própria bondade de Deus sendo experimentada por esses homens piedosos, mulheres piedosas na história da igreja. Nós, batistas, também sempre ressaltamos esse atributo divino da bondade de Deus.

 

Na nossa Confissão de Fé de 1689, encontramos no segundo capítulo, no primeiro parágrafo, a seguinte expressão:

 

O Senhor nosso Deus é cheio de amor, graça, misericórdia, longanimidade, grande em bondade e verdade, e perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, e galardoa os que o buscam diligentemente.

 

Essa foi a expressão que nossos pais batistas relacionarem com esse grande atributo de Deus. E, de fato, a bondade de Deus é conhecida por sua igreja principalmente por Deus ter entregue seu Filho Jesus Cristo para morrer em nosso lugar. Não há ato de bondade maior do que este. É o grande testemunho de Deus, entregar o próprio Filho em nosso lugar.

 

Aqui, no livro de Êxodo, no capítulo 33, lemos o 34, mas precisamos retornar um pouco para o contexto. Encontramos Moisés e o povo de Israel em um desses momentos de grande maldade e pecado contra a santidade de Deus. O povo de Israel havia pecado contra o Senhor. Eles haviam acabado de cometer um grave pecado quando construíram para si mesmos, e não só construíram, mas adoraram, um bezerro de ouro feito de fundição. Isso tudo aconteceu enquanto Moisés estava no monte recebendo do Senhor as tábuas da lei.

 

Esse ato de idolatria do povo de Israel trouxe grande ira ao Senhor. A nação inteira estava à beira de ser julgada por Deus. Lá em Êxodo 32, nos versículos 9 e 10, diz: “O Senhor disse a Moisés: ‘Tenho visto esse povo, e eis que é um povo obstinado. Agora, deixa-me só para que minha ira se acenda contra eles e para que eu os consuma, e farei de ti uma grande nação.'”

 

O Senhor Deus estava disposto, nesse momento, a separar Moisés. Moisés estava no Monte Sinai e não participou desse ato de idolatria. O Senhor estava disposto a separar Moisés, recomeçar a nação de Israel a partir dele, e tomar aquele povo rebelde, idólatra, e consumir no fogo de sua ira por causa dos pecados. Porém, diante desse terrível pecado, foi Moisés quem intercedeu por Israel, mostrando seu papel como mediador entre Deus e o povo naquele momento. Ele suplicou a Deus que tivesse misericórdia de Israel, implorou por essa misericórdia, e buscou uma garantia de que Deus não abandonaria o seu povo, e que, mesmo após essa terrível rebelião, Deus continuaria com eles.

 

Moisés, então, faz súplicas ao Senhor, em sua angústia, desejando ver o favor de Deus restaurado. Moisés chega a fazer um pedido ousado a Deus. Ele diz, em Êxodo 33, verso 18: “Suplico-te, mostra-me a tua glória.” Moisés deseja ver a glória de Deus, ver o próprio Deus, como o texto diz. Ele quer mesmo confirmar a presença e a bondade de Deus, algo que possa renovar tanto sua confiança quanto a confiança do próprio povo de Israel de que o Senhor, apesar dos pecados de Israel, ainda estaria ali com eles para abençoá-los.

 

Deus, na sua infinita bondade, responde a Moisés com uma revelação que marca não apenas a vida de Moisés, mas também uma compreensão para todos nós sobre quem é Deus. O que está revelado nessa porção da Palavra do Senhor serve muito para nós mesmos, para conhecermos quem é o Senhor, o nosso Deus, o Deus que se revelou aos patriarcas. Em Êxodo 33, verso 19, o Senhor disse: “Farei toda a minha bondade passar diante de ti e proclamarei o nome do Senhor diante de ti.”

 

Depois que Moisés diz: “Senhor, eu quero ver a tua glória. Senhor, eu te suplico, deixa-me saber quem é o Senhor, ver a glória do Senhor e saber que o Senhor estará conosco”, a resposta de Deus é: “Moisés, farei passar a minha bondade sobre você, diante de ti, e proclamarei o nome do Senhor diante de ti.”

 

Em Êxodo 34, versículos 5 ao 7, o texto desta noite, Deus se revela de maneira única, proclamando o seu nome e os seus atributos, com ênfase especial em sua bondade, sua misericórdia e sua justiça. A revelação de Deus que encontramos nessa passagem, meus irmãos, e em toda a Escritura Sagrada, é a maior descrição do ser de Deus, apresentada pelo próprio Deus. Quando Deus fala de si mesmo, Ele se revela. Há uma passagem interessante em Êxodo, quando Moisés diz: “Senhor, quando o povo perguntar qual é o seu nome, o nome do Deus que me enviou, o que devo dizer?” O Senhor se revela dizendo: “Eu sou o que sou.” Deus fala de si mesmo, revelando quem Ele é.

 

Aqui, temos uma revelação ainda maior da natureza de Deus. Os versículos 6 e 7, como examinamos há pouco, revelam muito mais sobre o Senhor do que a passagem anterior, porque esses versículos mostram a bondade de Deus, o seu caráter, sua ética, sua justiça, longanimidade, bondade, verdade, misericórdia e perdão. Revelam, de fato, a generosidade de Deus em perdoar o pecador.

 

Hoje, quero falar com vocês sobre essa revelação de Deus a Moisés, focando especialmente no atributo da bondade divina, conforme vemos aqui na passagem. Vamos refletir sobre como a bondade de Deus se manifestou naquele momento crucial e o que isso significa para nossas vidas hoje. Mesmo diante dos nossos fracassos e pecados, como os pecados do povo de Israel, Deus nos chama a reconhecer sua bondade, confiar em sua misericórdia e viver em obediência à sua justiça.

 

Com essa história em mente, meus irmãos, vejamos como a bondade de Deus é revelada de forma poderosa em sua interação com Moisés e o que isso nos ensina sobre o caráter de Deus e nossa resposta a Ele. Em primeiro lugar, a bondade de Deus se revela em seu próprio nome, conforme o versículo 5 e parte do versículo 6. O versículo 5 diz: “E o Senhor desceu na nuvem e se pôs ali com ele e proclamou o nome do Senhor.”

 

O primeiro ponto importante nesta passagem, irmãos, é que o próprio Deus, que foi ofendido, o Deus Santíssimo, se aproxima do homem, apesar de ser Moisés um pecador. Moisés não era impecável como Jesus Cristo; ele tinha a mesma natureza pecadora dos seus irmãos israelitas. O fato de o Deus santo e todo-poderoso se aproximar de Moisés, um pecador, já é um retrato da bondade de Deus.

 

O Senhor desce do céu, vai até Moisés e mostra sua disposição em se aproximar de seu povo. A bondade de Deus é demonstrada, primeiramente, por Ele não se manter distante, mas, ao contrário, por se aproximar, se revelar e estar presente ao lado da criatura pecadora. Só esse aspecto já revela que Deus é bom, pois querer estar perto do pecador é um ato da bondade divina, um ato de misericórdia da parte de Deus.

 

A passagem também nos mostra que Deus surge em uma teofania, ou seja, na forma de uma nuvem. Essa nuvem estava sempre com eles, irmãos. Ela já havia aparecido várias vezes ao longo da jornada do povo de Israel pelo deserto, desde que saíram do Egito, libertados das mãos de Faraó. A própria imagem da nuvem já deveria ser suficiente para demonstrar a bondade de Deus, pois significava a presença constante de Deus no meio do povo, protegendo-os e guardando-os dos inimigos.

 

O fato de Deus aparecer numa nuvem já demonstra sua bondade, porque aquela nuvem, uma forma de teofania, era uma expressão da bondade divina. Essa nuvem aparece várias vezes. Em Êxodo 13:21-22, ela é o guia e a direção do povo de Deus pelo deserto. A nuvem guiava Israel, mostrando o caminho a seguir, uma clara demonstração da bondade de Deus, pois Ele não deixou seu povo nem perdido nem desorientado no deserto escaldante.

 

Mais tarde, em Êxodo 14:19-20, vemos que a nuvem também era uma proteção para Israel quando os egípcios seguiram os israelitas no Mar Vermelho. A nuvem se moveu para trás do acampamento de Israel, criando uma barreira entre eles e os egípcios. Ou seja, a nuvem protegia o povo de Deus, impedindo que os egípcios se aproximassem. Durante a noite, a nuvem trazia escuridão para os egípcios, mas luz e fogo para os israelitas. Essa proteção divina é uma evidência da bondade de Deus, que cuidou do seu povo nos momentos de grande perigo, como o perigo dos egípcios.

 

Em Êxodo 40:34-38, a nuvem continua sendo uma presença constante no meio do povo de Deus. Ela repousa sobre o tabernáculo durante o dia e se tornava fogo à noite, simbolizando que Deus estava sempre com eles. Que coisa maravilhosa, irmãos, era olhar para o tabernáculo no deserto e ver que, acima dele, havia uma nuvem, uma coluna de nuvem que representava a presença de Deus no meio do acampamento de Israel, demonstrando a constância dessa presença divina. Deus estava sempre lá. Isso é bondade.

 

A presença constante de Deus é uma expressão da sua bondade e fidelidade. Há mais ainda: a nuvem também era conforto e provisão. Em Números 9:15-23, aquela nuvem, que era o próprio Deus, também proporcionava conforto ao povo, protegendo-o do calor intenso do deserto durante o dia. A nuvem oferecia sombra para que o povo de Deus não fosse queimado pelo sol abrasador daquele deserto. Mais uma vez, vemos a bondade do Senhor em cuidar do povo durante aquele tempo difícil.

 

Portanto, quando Deus se revela como uma nuvem, a própria bondade de Deus estava sendo manifestada de forma clara diante de Moisés. O texto diz no verso 5: “E o Senhor desceu na nuvem.” A bondade estava ali; um reflexo da bondade podia ser visto na nuvem. Creio, irmãos, que os israelitas mais atentos, ao verem a nuvem, deviam se lembrar das grandes coisas que Deus havia feito por eles. Como vimos em apenas algumas demonstrações, a nuvem era, de fato, a mão poderosa de Deus trazendo bênção, bondade, misericórdia, protegendo-os até mesmo contra o sol escaldante.

 

A nuvem era a bondade de Deus manifestada. Mas o texto no verso 6 nos mostra Deus proclamando seu nome: “SENHOR, SENHOR Deus.” Aqui, amada igreja, não temos simplesmente o título “Senhor” como uma forma de autoridade ou honra, mas temos o nome de Deus, YHWH, que nossas Bíblias traduzem como “SENHOR”, em letras maiúsculas. Sempre que esta expressão aparece nas Escrituras com letras grandes, trata-se do nome próprio de Deus.

 

O nome YHWH, com o qual Deus se apresenta a Moisés, reflete o caráter imutável e eterno de Deus. Quando Ele repete “SENHOR, O SENHOR (ou YHWH, YHWH)”, enfatiza sua fidelidade e compromisso em ser bom para com o seu povo. Além desse aspecto, o nome YHWH é o nome que Deus usa para se revelar como o Senhor da aliança, um nome pactual. Isso implicava que Deus manteria sua aliança em abençoar Israel, apesar do pecado e com o perdão pela idolatria que haviam acabado de cometer. O Senhor já havia perdoado a nação.

 

Quando Deus se revela com seu nome, Ele está dizendo que a sua aliança — porque esse é o nome da aliança, o nome pactual de Deus — continuava de pé. Na aliança de Deus, Ele havia prometido abençoar o seu povo, ser bondoso e derramar misericórdia. O Senhor está demonstrando exatamente isso: Ele é o Deus do pacto e da aliança, o Deus que fez aliança com Israel e que manteria essa aliança.

 

Deus se faz conhecido em sua bondade ao preservar a sua aliança, meus queridos irmãos. A bondade de Deus é evidente nas Escrituras Sagradas, e Deus deseja que sua bondade seja conhecida por todos nós. De fato, Ele o faz. Todos nós provamos dessa bondade de Deus em nossas vidas, à semelhança de Israel.

 

Meus irmãos, podemos ver essa bondade de Deus de várias maneiras em nossas vidas. Cada respiro que damos, cada vez que sentimos a vida em nós, somos testemunhas da bondade de Deus. Deus nos abençoa constantemente, seja nos pequenos detalhes ou nas grandes realizações de nossas vidas. A bondade de Deus é um atributo constante, manifestado de maneira clara e poderosa em cada aspecto de nossa existência. Quando paramos para refletir sobre a nossa vida, percebemos que a bondade de Deus está presente em todos os momentos. O simples fato de estarmos vivos, termos saúde, comida, abrigo e roupas já é uma demonstração da sua generosidade.

 

Muitas vezes, esquecemos de perceber como a bondade de Deus nos envolve. Por isso, é importante aquietar o coração e pensar em quão bom é o Senhor. O salmista nos ensina a entrar na casa de Deus e refletir sobre sua benignidade. Se fizermos isso, irmãos, veremos que Deus é maravilhoso em suas ações, e sua bondade está constantemente ao nosso redor. Ele é bom, não apenas com aqueles que o seguem e obedecem, mas até com os ímpios, que muitas vezes se afastam dele. Mesmo assim, Deus os abençoa e demonstra paciência e misericórdia.

 

Essa bondade reflete o caráter de um Deus que não é distante ou indiferente às necessidades humanas. Pelo contrário, Ele é um Deus que se relaciona, que se preocupa, que ouve nossas orações e responde com amor. O fato de podermos falar com Deus, de sermos ouvidos por Ele, já é uma evidência da sua bondade. Ele, que é o Criador soberano do universo, se inclina para ouvir nossas súplicas. Ele poderia ignorar o clamor de pecadores como nós, mas escolhe ser compassivo e misericordioso.

 

Em segundo lugar, a bondade de Deus também é revelada em sua compaixão e misericórdia. Voltem mais uma vez os seus olhos para o verso 6, onde Deus se revela como sendo “misericordioso e gracioso, longânimo, grande em bondade e em verdade.” Essas palavras nos mostram a profundidade da bondade de Deus. Ele é compassivo, cheio de graça, paciente e cheio de verdade.

 

Deus é compassivo e se inclina com amor para ajudar e restaurar aqueles que estão em necessidade. Ninguém faz isso senão um Deus cheio de amor e bondade. A Escritura nos diz que Ele é tardio em irar-se, ou seja, Ele tem uma paciência longa. A bondade de Deus se manifesta em sua paciência, que dá tempo para que o pecador se arrependa. Deus não age com pressa, não se ira rapidamente, mas espera pacientemente que o coração humano volte a Ele em arrependimento.

 

Pense, irmãos, quantas vezes em nossa vida falhamos, prometemos a Deus que mudaríamos, mas caímos novamente nos mesmos pecados. E mesmo assim, Deus retém sua ira e nos dá mais uma chance de arrependimento. Ele não nos abandona, mas pacientemente espera que voltemos a Ele. Talvez você já tenha pensado: “Se eu fosse Deus, não me perdoaria mais.” E, no entanto, Ele nos perdoa, mais uma vez, e novamente. Isso é um reflexo da paciência e da longanimidade de Deus.

 

A bondade de Deus se manifesta também em sua benignidade. O texto hebraico usa uma palavra que significa “amor leal” ou “bondade amorosa”. Esta é a bondade que Deus demonstra de forma constante, fiel e imutável. A bondade de Deus não oscila com o tempo, ela é firme e segura. É essa bondade que nos dá a certeza do perdão divino. Nós podemos ter confiança plena de que Deus nos perdoa porque sua bondade é uma expressão de seu amor leal.

 

Todos esses atributos de Deus — sua misericórdia, graça, paciência, benignidade e verdade — estão interligados, mostrando a infinita bondade do Senhor. E essa bondade é revelada em muitas partes das Escrituras. Vemos a bondade de Deus não apenas nos tempos de Moisés e Israel, mas também em nossas próprias vidas.

 

Considerando o contexto de Israel e Moisés no livro de Êxodo, podemos destacar várias manifestações da bondade de Deus. Por exemplo, quando Ele preserva os bebês hebreus da morte, mesmo diante do decreto de Faraó para matar todos os meninos recém-nascidos. Deus protege a vida de Moisés e de outros bebês, demonstrando sua bondade ao preservar a vida inocente.

 

Outro exemplo de sua bondade é o chamado de Moisés. Quando Moisés estava exilado no deserto, Deus o escolheu para liderar e libertar Israel do cativeiro egípcio. Essa escolha foi um ato de bondade, pois Deus não deixou Israel sozinho, mas enviou um libertador para guiá-los.

 

As dez pragas enviadas ao Egito também foram uma manifestação da bondade de Deus. Embora fossem um julgamento contra o Egito, elas também foram usadas para libertar Israel da escravidão. Cada praga era uma demonstração da proteção de Deus sobre seu povo.

 

A bondade de Deus também se manifestou na Páscoa, quando Ele poupou os primogênitos de Israel. Enquanto os primogênitos do Egito eram mortos, os de Israel foram preservados pelo sangue do cordeiro, um ato claro da bondade e misericórdia divinas.

 

Deus continuou demonstrando sua bondade ao abrir o Mar Vermelho, permitindo que os israelitas escapassem do exército egípcio, e ao enviar o maná do céu no deserto, provendo sustento diário ao seu povo. Ele fez com que a água brotasse da rocha para saciar a sede dos israelitas, e deu vitória sobre os amalequitas quando atacaram Israel. Em cada uma dessas situações, a bondade de Deus se manifestava de maneira tangível e poderosa.

 

Além disso, a bondade de Deus foi revelada na aliança que Ele fez com Israel. Deus estabeleceu leis para guiá-los e prometeu ser seu Deus para sempre. Essa aliança foi um reflexo da bondade de Deus em proteger e abençoar seu povo.

 

Em relação a Moisés, a bondade de Deus também foi evidente em muitos momentos de sua vida. Deus o protegeu desde o nascimento, preservando sua vida quando Faraó ordenou a morte dos bebês hebreus. Ele capacitou Moisés, mesmo quando este se sentiu inseguro sobre sua habilidade de falar, enviando Arão para ajudá-lo. Deus esteve sempre ao lado de Moisés, orientando-o em cada passo da libertação de Israel e revelando sua glória a ele de forma especial.

 

Meus irmãos, assim como Deus foi bom com Moisés e Israel, Ele também é bom conosco. Sua bondade nos atrai a Ele. Podemos nos relacionar com Deus porque Ele é bom. Não queremos nos aproximar de pessoas más, mas nos sentimos atraídos pela bondade. Deus é benigno, podemos confiar em sua compaixão e fidelidade.

 

Finalmente, a bondade de Deus se manifesta no perdão e na justiça, conforme o versículo 7. Deus guarda a benignidade em milhares e perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado. Ele oferece graça e perdão. Ao mesmo tempo, Deus é justo e pune o pecado. Sua bondade não anula sua justiça. Ele é fiel em punir o mal, e essa justiça também é uma expressão de sua bondade. A bondade de Deus deve nos levar ao arrependimento e à gratidão. Devemos reconhecer que o perdão que recebemos é um ato de graça e viver em conformidade com a justiça de Deus.

 

Responder à bondade de Deus é uma das maiores responsabilidades e privilégios que temos como cristãos. Quando entendemos a profundidade da sua misericórdia e justiça, somos naturalmente levados ao arrependimento genuíno. A bondade divina, expressa de maneira tão generosa em nossas vidas, deve nos fazer refletir sobre como vivemos e como tratamos os outros. O evangelho nos ensina que a resposta correta à bondade de Deus é viver em conformidade com seus mandamentos, que são cheios de amor, verdade e justiça.

 

Devemos responder à bondade de Deus com fé e obediência. Isso significa confiar na sua bondade em todas as circunstâncias, mesmo quando não entendemos os acontecimentos à nossa volta. A vida pode ser cheia de desafios, perdas e dificuldades, mas a bondade de Deus permanece constante. Mesmo nas tribulações, somos chamados a crer que Ele está conosco e a agir de acordo com sua vontade.

 

Além de confiar, somos também chamados a refletir essa bondade em nossos relacionamentos uns com os outros. Esse é um aspecto prático do cristianismo que muitas vezes nos desafia profundamente. Viver com bondade, imitando a bondade de Deus, implica tratar o próximo com compaixão, misericórdia e graça. A maneira como tratamos nossa família, amigos, colegas de trabalho e até mesmo nossos inimigos deve ser um reflexo do amor e da bondade de Deus que experimentamos em nossa própria vida.

 

Pense no exemplo do bom samaritano. Jesus usou essa parábola para nos ensinar o que significa ser bom e misericordioso com o próximo. O samaritano não se limitou a sentir compaixão, ele agiu com bondade. Ele cuidou do homem ferido, providenciou abrigo e pagou pelas suas despesas. Ele demonstrou amor através de ações. Isso nos ensina que a bondade verdadeira não é passiva. Ela é ativa, é prática, e muitas vezes nos custa algo. Quando escolhemos amar e servir os outros, refletimos a bondade de Deus em nossas próprias vidas.

 

Jesus Cristo é o exemplo supremo de bondade. Em sua vida terrena, Ele demonstrou a bondade de Deus de maneira perfeita. Ele se aproximou dos marginalizados, curou os doentes, alimentou os famintos e, acima de tudo, ofereceu perdão e salvação a todos. Ele ensinou que devemos amar nossos inimigos e orar por aqueles que nos perseguem, mostrando-nos que a bondade de Deus não faz acepção de pessoas. Cristo nos chama a seguir seus passos, a amar como Ele amou, a sermos bons como Ele foi bom.

 

Essa bondade divina deve ser evidente em nossa vida cotidiana. Em nossos atos de serviço, em nossas palavras gentis, em nossa disposição para perdoar e em nossa vontade de ajudar. E embora sejamos imperfeitos e muitas vezes falhemos em demonstrar essa bondade, Deus, em sua misericórdia, nos ajuda a crescer em santidade. Ele nos molda à imagem de Cristo, para que, pouco a pouco, possamos refletir mais da sua bondade em nossas ações e atitudes.

 

Ninguém é salvo por ser bom. A salvação é um presente de Deus, oferecido por sua graça e bondade através da obra redentora de Cristo na cruz. No entanto, quando recebemos essa salvação, somos chamados a viver de forma que reflita essa bondade. Ser bom, generoso, amoroso e misericordioso não nos garante o céu, mas é um sinal de que estamos sendo transformados pela graça de Deus e caminhando em direção à santidade.

 

A bondade de Deus, em última análise, é revelada de forma plena no evangelho de Jesus Cristo. Como já mencionei anteriormente, o maior ato de bondade divina foi enviar seu Filho amado ao mundo. Cristo, que era Deus em carne, habitou entre nós, pecadores, para nos salvar. Ele assumiu a nossa natureza humana, tornou-se um de nós, e, em sua grande bondade, carregou os nossos pecados até a cruz. Ele não precisava fazer isso. Ele poderia ter deixado a humanidade entregue à sua própria sorte, mas escolheu sacrificar-se em nosso lugar.

 

Pensem, irmãos, na profundidade dessa bondade. O que levou Deus a fazer isso? Qual foi a razão para que Ele escolhesse salvar uma humanidade pecadora e rebelde? A única resposta que podemos encontrar é a bondade e o amor imensurável de Deus. O evangelho de João nos lembra: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).

 

Esse amor, essa bondade, é algo que devemos lembrar todos os dias de nossas vidas. Cristo se fez carne e habitou entre nós, para que pudéssemos ser redimidos. Ele viveu uma vida perfeita, morreu uma morte que nós merecíamos e ressuscitou para nos dar a vida eterna. E isso tudo foi um ato de pura bondade. Uma bondade que não merecíamos, mas que recebemos pela graça.

 

Então, como devemos responder a essa bondade? Devemos nos levantar todos os dias com um coração cheio de gratidão e louvor a Deus. Devemos nos comprometer a viver de forma digna do evangelho, refletindo a bondade de Cristo em nossas ações. Devemos amar, perdoar, servir e ser generosos. Devemos buscar uma vida de obediência e santidade, não como uma forma de ganhar a salvação, mas como uma resposta à bondade de Deus que já nos foi dada em Cristo.

 

Finalmente, irmãos, se há algo que eu quero que vocês levem deste sermão, é que a bondade de Deus é imensurável e eterna. Ela nos acompanha em cada momento da nossa vida, em cada respiração, em cada passo que damos. Ela se manifesta em todas as coisas, desde as menores bênçãos do cotidiano até o maior de todos os dons, que é a salvação em Jesus Cristo.

 

Se você ainda não experimentou essa bondade, se você ainda não entregou sua vida a Cristo, eu te convido a fazer isso hoje. Não há nada comparável à paz e à alegria que vêm de saber que você é amado por um Deus tão bom. Não deixe para depois. Deus está esperando com os braços abertos, pronto para te perdoar, te restaurar e te dar uma nova vida.

 

A bondade de Deus nos chama ao arrependimento, à obediência, à gratidão e à santidade. Que possamos responder a essa bondade de todo o coração, vivendo vidas que glorifiquem ao Senhor e refletindo a sua bondade para o mundo ao nosso redor.

 

Que o Senhor os abençoe e os guie sempre em seu caminho de bondade e amor. Amém.