Sermão pregado na cidade de Manaus-AM, no primeiro semestre de 2024.
Igreja Batista Shekinah
Meus queridos irmãos, quero saudá-los com a graça e a paz do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Mais uma vez, eu louvo e agradeço a Deus pela oportunidade de pregar a Sua Palavra e estar aqui com vocês. Para mim, tem sido um tempo maravilhoso, e eu só agradeço ao Senhor pela generosidade de todos vocês em me receberem aqui.
Hoje eu tive um grande privilégio: conhecer o Rio Amazonas. Eu estava falando com os pastores que tinha o sonho de ver o Rio Amazonas um dia, pelo menos vê-lo. Mas hoje, além de ver, eu toquei, cruzei suas águas — o grande e gigante Rio Amazonas do Brasil. Esta noite, irmãos, vamos falar sobre Aquele que fez o Rio Amazonas, o glorioso Deus, o Senhor soberano, todo-poderoso, Aquele que é e que há de ser.
O nosso Deus não fez apenas o Rio Amazonas; Ele fez todas as árvores que estão plantadas ao seu redor. Ele criou todos os peixes que nadam por aquele rio e, mais do que isso, as Escrituras nos ensinam que o Senhor conhece a Sua criação detalhadamente. Ele conhece cada árvore que está plantada ali, cada peixe que nada naquelas águas, os ribeirinhos que estão por ali próximos. Ele conhece cada índio, cada nativo da Amazônia, da nossa floresta. O Senhor nos conhece, irmãos; Ele é o Deus que nos criou, que nos fez, o Todo-Poderoso.
Gostaria que vocês abrissem suas Escrituras, nesta noite, em João, capítulo 6, verso 37. E, por favor, mantenham suas Bíblias abertas nesta passagem, João 6:37. Enquanto vocês abrem, irmãos, quero lhes dizer que, na vida de todo cristão, mas especialmente na vida daqueles que pregam a Palavra — dos evangelistas e missionários —, uma coisa logo fica muito clara: nem todos ouvirão o evangelho e se tornarão seguidores de Cristo pela fé. Infelizmente, essa é uma verdade que constatamos ao pregar a Palavra de Deus: nem todos crerão.
O nosso desejo mais sincero é que todos os homens ouvissem a voz do Senhor, ouvissem a pregação da Palavra de Deus de nossas bocas e se tornassem cristãos, se convertessem dos seus pecados e seguissem ao Senhor Jesus pela fé. Todo pregador, missionário ou evangelista sai com esse desejo no coração. Quando ele proclama a Palavra de Deus, deseja ver almas salvas, homens convertidos para o Reino de Deus. Mas não é isso que sempre acontece. Você deseja que as pessoas sejam salvas, mas, incrivelmente, elas se recusam a receber a salvação gratuita em Cristo Jesus. Você lhes oferece a salvação em Cristo, pela fé, sem obras, dizendo: “Creia somente.” Mas os homens recusam a oferta gratuita do Evangelho, recusam Cristo Jesus.
Deixe-me ilustrar isso para vocês antes de irmos para o nosso texto. Lembro-me de quando ainda era um novo crente, começando a descobrir as coisas fantásticas da Escritura Sagrada, da Bíblia. Eu achava que todas as pessoas para as quais eu pregasse se converteriam facilmente. Eu pensava: “Vou explicar bem explicadas estas verdades da Bíblia. Não é possível que, vendo o que eu vejo sobre Deus, as pessoas que me ouvem não vejam também.” Eu queria que as pessoas fossem convertidas. Eram coisas que a Bíblia mostrava, coisas irrefutáveis. Eu tinha certeza de que ninguém conseguiria dizer “não” às maravilhas do Evangelho. Não haveria outra possibilidade para as pessoas, senão crer em Cristo Jesus.
Eu imaginava que, como um novo convertido, deixaria as pessoas sem saída, forçadas a dizer: “É verdade, eu creio em Jesus, estou vendo o que a Bíblia diz.” Venho de um contexto católico romano muito forte. Meus pais eram católicos bastante atuantes. Em minha casa, sempre havia reuniões da Igreja Católica, conversas sobre a religião. Meus pais eram um casal encontrista, e meu pai era o líder dos casais encontristas. Lembro-me de pelo menos duas vezes em que eles foram em caravana recepcionar o Papa João Paulo II quando ele esteve no Brasil.
Em nossa casa, havia muitas imagens de escultura. Minha mãe tinha seus santos de devoção. Na cabeceira da cama onde deitava, havia uma Bíblia aberta, imagens e outros utensílios da religião católica. Era de fato uma atmosfera muito católico-romana. Mas tempos depois fui alcançado pelo Evangelho de Cristo. Comecei a ler a Bíblia, e o mundo virou de pernas para o ar para mim. Tudo o que eu ouvia e me haviam falado sobre a Bíblia, Deus, e religião se revelou diferente pelas Escrituras. Eu lia passagens contra a idolatria, como Salmo 115, e pensava: “Vou mostrar isso aos padres que vêm à minha casa, para que saibam que a idolatria é pecado.” Eu sinceramente me perguntava: “Será que eles não leram esta parte da Bíblia? Não é possível. É muito claro nas Escrituras. Talvez não tenham passado por esses textos em suas leituras.”
Veja o Salmo 115, irmãos, por favor, ouçam. Diz, a partir do verso 2: “Por que os pagãos dirão: ‘Onde está agora o seu Deus?’ Mas o nosso Deus está nos céus; Ele faz tudo o que Lhe apraz. Seus ídolos são prata e ouro, obra das mãos de homens. Eles têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não veem; têm ouvidos, mas não ouvem; têm nariz, mas não cheiram. Têm mãos, mas não seguram; têm pés, mas não andam; nem som algum sai de sua garganta. Aqueles que os fazem tornam-se como eles, assim como todos os que neles confiam.”
Eu me deparava com essas passagens sobre idolatria e esculturas, e me perguntava: “Como pode a Igreja Católica não ver isso, não enxergar?” O profeta Isaías diz, nos versos 9 ao 20 do capítulo 44: “Ouçam: aqueles que fazem uma imagem esculpida são todos sem valor, e suas coisas deleitáveis são inúteis; suas testemunhas não veem nem conhecem, para que sejam envergonhadas. Quem tem formado um deus ou fundido uma imagem esculpida que seja útil para alguma coisa? Eis que todos os seus seguidores serão envergonhados; os artesãos, eles são apenas homens. Reúnam-se e levantem-se; contudo, temerão e serão envergonhados juntos.”
E assim prossegue, descrevendo o trabalho dos ferreiros e carpinteiros, destacando a futilidade e idolatria. Tenho assado pão sobre a brasa daquilo; tenho assado carne e comido. E farei eu do resíduo de uma árvore uma abominação? Prostrar-me-ei perante o tronco de uma árvore? Ele alimenta-se de cinzas; um coração enganado tem-no desviado, para que não possa livrar sua alma nem dizer: “Não há uma mentira em minha mão direita.”
Em outro lugar, o profeta Isaías diz apenas dois versículos: “Congregai-vos e vinde juntamente, vós, sobreviventes das nações. Eles nada sabem, os que erigem suas imagens de madeira esculpida e oram a um deus que não salva. Contai-vos e trazei-os para perto; sim, permiti que eles se juntem. Quem tem declarado isso desde tempos antigos? Quem tem contado isso desde aquele tempo? Não tem sido eu, o Senhor? Fora de mim não há nenhum outro Deus, um Deus justo e Salvador; não há nenhum além de mim” (versos 20 e 21 do capítulo 45).
Os católicos romanos que eu conhecia estavam completamente cegos para a verdade do evangelho e para a salvação somente pelo Senhor Jesus Cristo. A princípio, eu achava que eles sabiam, mas pensava que, assim que tomassem conhecimento dessas verdades da Escritura Sagrada, abandonariam a idolatria, pois veriam claramente a Palavra de Deus. Mas nada disso aconteceu, meus irmãos. A salvação não estava ligada à sabedoria humana, não era uma questão de ser inteligente, não era uma questão de intelectualidade, nem se tratava de uma boa explicação das Escrituras Sagradas. Havia algo além disso para tocar o coração dos homens. Alguns criam em Jesus, é verdade, mas outros rejeitavam o Senhor, outros o deixavam de lado.
No Evangelho de João, que vamos ler agora, o Senhor Jesus nos revela a resposta: por que alguns homens creem no Senhor Jesus e outros o rejeitam? Por que alguns permanecem cegos na idolatria, rejeitando a única salvação que há, o Senhor Jesus Cristo? O apóstolo João nos revela isso pela Palavra do Senhor. João 6:37 é o texto desta noite. Está escrito: “Palavras de Cristo: Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim de modo algum lançarei fora.”
De modo algum lançarei fora. O que acabamos de ler, o verso 37, faz parte de uma história maior. Na verdade, faz parte de uma história bem mais ampla. São três histórias que são apresentadas no texto até chegarmos a essa terceira, onde se encontra o verso 37. O contexto literário da Bíblia nos diz que, no capítulo 6, versos 1 a 15, Jesus fez um milagre e multiplicou pães e peixes naquele dia especial. Note os versos 14 e 15 de maneira especial, pois o texto diz: “Então, vendo aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o profeta que deveria vir ao mundo. Percebendo, pois, Jesus que estavam prestes a vir e levá-lo à força para o fazerem rei, ele partiu novamente sozinho para o monte.”
A multidão ficou muito perplexa quando Jesus fez o milagre da multiplicação de pães e peixes. Irmãos, de fato, foi uma demonstração de poder de Jesus tão grande, porque, ao multiplicar pães e peixes, ele criou, por meio da multiplicação, alimento suficiente para uma multidão bastante numerosa que se encontrava ali. A multidão ficou espantada e começou a dizer: “Ele deve ser o profeta do Antigo Testamento que estava sendo anunciado. Talvez seja ele, talvez ele seja o Messias prometido.” Imediatamente, aquelas pessoas, uma grande multidão ao lado de Jesus e dos discípulos, tentaram tomar Jesus à força e levá-lo para Jerusalém, para proclamá-lo Rei dos Judeus.
Eles queriam resolver problemas humanos, problemas triviais do povo de Israel. Esse é o contexto do milagre descrito no capítulo 6, versos 1 ao 15. Mas depois, há outra história ainda em João, capítulo 6, dos versos 16 ao 21. É uma história menor. Nessa história, um novo milagre acontece: Jesus anda sobre as águas. Esse milagre de Jesus andando sobre as águas do mar da Galileia foi visto apenas pelos seus apóstolos que estavam no barco.
Isso aconteceu porque os discípulos, quando notaram que o Senhor Jesus não estava mais ali na outra margem, imaginaram que ele havia ido para outro lugar, para o outro lado do mar da Galileia. Então, eles também tomaram um barco e foram atrás de Jesus no mar da Galileia. Mas, quando estavam próximos, no meio da noite, Jesus apareceu sobre o mar, caminhando em direção ao barco. Que visão! Eles ficaram com medo, temerosos, mas logo foram acalmados, receberam Jesus no barco e chegaram à outra margem. Eles sabiam que, com Cristo no barco, haveria segurança. O Filho de Deus estava ali; o Senhor deles estava ali; o seu Mestre, Rabi, estava com eles.
Finalmente, a terceira história de João, capítulo 6, é a mais longa. Jesus diz que é o pão da vida. Ele faz várias menções ao Antigo Testamento, ao pão que caía do céu, o maná. E Jesus diz às pessoas que estão ouvindo — parte da multidão que comeu dos pães e dos peixes. Eles encontraram Jesus; acordaram no dia seguinte e viram que ele não estava lá, nem seus discípulos, os apóstolos. Então, decidiram ir para o outro lado do mar da Galileia. Conseguiram atravessar e encontraram Jesus, dizendo: “Onde estavas? Estamos te procurando. Somos teus seguidores; estamos aqui contigo.”
Mas, irmãos, Jesus demonstra claramente que aquelas pessoas não o seguiam de verdade, que não tinham uma fé genuína como os seus apóstolos mais próximos. Eles estavam interessados nas coisas deste mundo, temporais e passageiras, e não nas coisas de grande valor, na salvação de suas almas por toda a eternidade. Eles estavam preocupados em satisfazer os estômagos. Jesus, então, expõe a incredulidade desses homens. Veja, Jesus está conversando com eles quando diz aquelas palavras do verso 37. Antes de dizê-las, ele já havia afirmado que esses homens e mulheres não eram verdadeiros cristãos convertidos.
Olhe para o verso 26, por favor, do capítulo 6. O texto diz: “Jesus respondeu e disse-lhes: Em verdade, em verdade, vos digo que me buscais, não porque vistes milagres, mas porque comestes do pão e vos saciastes.” E no verso 27, ele acrescenta: “Trabalhai não pela comida que perece, mas pela comida que dura para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará, porque a ele Deus, o Pai, o selou.”
Depois, o Senhor Jesus expõe a incredulidade desses homens, a partir do verso 29, quando nosso Mestre diz a eles: “Jesus respondeu e disse: Esta é a obra de Deus, que creiais naquele que Ele enviou.” Primeiro, Jesus nos diz no verso 29 que aqueles homens não eram crentes; eles não criam em Jesus. Mas isso fica ainda mais claro no verso 36, quando Jesus declara: “Mas eu vos digo que vós também me tendes visto, e não credes.” Aquela multidão que seguia o Senhor, que a princípio parecia composta de cristãos aos pés de Jesus, na realidade não era. Eles não haviam crido em Jesus; estavam próximos do Senhor, mas não eram de fato regenerados, novas criaturas.
O Senhor trata sobre aqueles que irão segui-lo pela fé para serem salvos. Irmãos, nessa passagem do verso 37, o Senhor fala sobre aqueles que seguirão Jesus até o fim e sobre aqueles que não crerão e jamais o seguirão. Em suma, Jesus trata sobre os aspectos da doutrina da eleição e da preterição no verso 37. Quero tratar com vocês dessas duas doutrinas bíblicas e também sobre a evangelização e as missões, que estão aqui relacionadas.
Aqueles que irão crer, a Bíblia diz, são os eleitos de Deus. Aqueles que o rejeitarão são os preteridos dessa eleição divina, isto é, aqueles que não foram eleitos para a salvação. Mas, afinal, o que é eleição nas Escrituras Sagradas? O que é preterição nas Escrituras Sagradas? Eleição, segundo a Bíblia, é a escolha soberana de Deus antes da fundação do mundo. Antes de criar os céus e a terra, antes de criar qualquer pessoa, Deus, o Senhor soberano, escolheu e elegeu aqueles que seriam salvos. Eles são eleitos para serem santos e para a salvação eterna, sem considerar qualquer obra desses homens, sem levar em conta se fizeram o bem ou o mal.
A eleição não se dá pela presciência de Deus, nem pelo fato de Ele saber que você creria ou porque você fez boas obras. A eleição é soberana: Deus escolhe a quem Ele quer, independente das obras ou de qualquer outra coisa. Ainda mais, a eleição para a salvação, que aprendemos, não está relacionada a qualquer mérito humano, mas à pura soberania de Deus. O apóstolo Paulo, ao considerar a eleição do povo de Israel, afirma que eles foram eleitos antes de terem feito o bem ou o mal, para que o propósito de Deus prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama eficazmente o homem, o Senhor. A eleição é essa escolha que Deus faz na eternidade para a salvação.
Por outro lado, a preterição refere-se àqueles que Deus deixa em seus pecados. Aqui, é preciso, irmãos, tomar muito cuidado para não pensarmos que Deus lança esses homens à perdição eterna. Não é isso que a Bíblia ensina sobre a preterição. O que a Bíblia afirma é que toda a humanidade cai em pecado terrível, toda a humanidade está em desgraça; não há nenhum justo sequer sobre a face da terra. Mas Deus, livre e graciosamente, decide, dentre esses caídos, chamar alguns pela sua eleição para a vida eterna. Aqueles outros, os preteridos, são aqueles que Deus determinou deixar como estão, em seus pecados. Deus não os empurra ao pecado, não os força a pecar nem decreta que pequem e vão para o inferno. Eles pecam livremente, escolhem o caminho da perdição e do erro, sendo deixados sem a graça divina. Eles vivem segundo seus próprios corações e são guiados por sua natureza humana, sem receber a graça de Deus que poderia transformá-los. Essa graça é recebida pelos eleitos de Deus. Se os eleitos de Deus não recebessem essa graça, nenhum deles seria salvo; todos se perderiam como os demais preteridos. Mas o fato é que, de uma humanidade caída em pecados, completamente arruinada, Deus graciosamente escolhe alguns para derramar sua graça, salvando-os misericordiosamente.
O que isso tem a ver com nossa passagem? As palavras de Cristo, irmãos, estão aqui e devem ser lembradas por nós mais uma vez. O Senhor diz àqueles homens que não eram crentes: “Todo aquele que o Pai me dá virá a mim.” Ele está dizendo que Deus, o Pai, seu Pai Celestial, deu a Ele alguns homens, e todos aqueles que foram dados pelo Pai ao Filho virão ao Filho. A expressão “todo aquele que o Pai me dá” refere-se aos eleitos de Deus. São eles que virão a Cristo, que olharão para Cristo e crerão no evangelho. Ninguém mais virá a Cristo senão aqueles que o Pai deu a Ele. Vocês percebem que, nas Escrituras Sagradas, nesta passagem, Jesus está fazendo uma menção velada aos eleitos de Deus e àqueles que não são eleitos, que nunca irão a Cristo?
Se eu perguntasse a vocês esta noite, com base no verso 37: “Todo aquele que o Pai me dá virá a mim”, e perguntasse: “Quem irá a Cristo?”, a resposta deveria ser: “Todo aquele que o Pai deu a Ele.” Essa é a resposta, segundo o verso 37. Quem irá a Cristo? Quem crerá no Filho de Deus? Quem olhará para Cristo com fé? A resposta: todo aquele que o Pai deu ao Filho. E se eu perguntasse: “Quem não irá a Cristo? Quem não será salvo?” A resposta, igualmente, seria: “Todos que não foram dados ao Filho pelo Pai, todos que foram deixados em seus pecados e não foram dados ao Filho, todos aqueles que não foram eleitos para a salvação.” É isso que o verso 37 nos faz pensar, meus irmãos.
Mas aqui temos algo muito importante que quero relacionar com a evangelização e a obra de missões mundiais. Evangelização e missões são a mesma coisa. Falei isso hoje pela manhã para vocês. A única diferença está no contexto geográfico. Evangelização é feita em nossa terra, no nosso idioma, por pessoas que estão próximas de nós. Talvez crentes que estejam na redondeza desta igreja, vizinhos que não são cristãos, ou pessoas em outras partes do estado do Amazonas, ou até mesmo em outros estados do Brasil. Essas pessoas falam nossa língua, são nossos patrícios. Quando pregamos o evangelho de Jesus para elas, estamos evangelizando, anunciando o evangelho, seja pregando de um púlpito, seja conversando com alguém em uma conversa informal. Mas quando falamos do evangelho e de Cristo, estamos evangelizando.
Missões nada mais são do que evangelizar em outra língua, para pessoas de outro idioma. Se esta igreja envia missionários para pregar em Cuba, na Colômbia ou em qualquer outra nação, esses missionários são enviados para lá. Esse tipo de evangelização é chamado de missões, mas o trabalho é o mesmo: pregar o evangelho de Cristo, que é evangelizar. Isso é muito importante para o nosso texto, meus irmãos, porque aqui o Senhor Jesus revela o mistério da obra da evangelização. O mistério da evangelização é a eleição divina. Sabemos que somente os eleitos de Deus serão salvos. Não há como outra pessoa ser salva se não for eleita. Nenhum dos eleitos deixará de ser salvo. Mas não sabemos quem são os eleitos de Deus, nem sabemos quem são os homens que Deus preteriu em sua eleição. Isso é um mistério para nós.
Se eu soubesse quem são os eleitos de Deus, pregaria somente para eles; nem perderia tempo pregando para pessoas não eleitas, porque elas jamais creriam. Mas eu não sei. Por isso, sou chamado a pregar a todos os homens. Vocês vão enviar missionários ao longo do rio Amazonas, para evangelizar os ribeirinhos, índios, como vimos hoje pela manhã, missionários pregando em aldeias. Mas, irmãos, o Senhor conhece os seus eleitos; nós não. O Senhor conhece os seus eleitos, e aqueles a quem a Palavra de Deus chegar, sendo eles eleitos de Deus para a salvação, crerão. O sucesso da obra missionária é absolutamente garantido, porque a eleição já foi feita. Já existem homens separados para serem salvos. A obra da igreja em evangelizar não é vã. Todo aquele que o Pai deu ao Filho virá a Ele. Todo aquele que foi eleito por Deus ouvirá a voz do Senhor. Jesus diz em outra passagem do Evangelho de João: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem.”
As ovelhas ouvirão a voz do Redentor. Quando o evangelho for pregado, quando a Palavra for anunciada, as ovelhas ouvirão a voz do Salvador e seguirão o Salvador. O missionário batista Jefferson Bowen, que eu citei pela manhã, diz que aqueles homens tocados pelo Espírito de Deus seguirão a Cristo mesmo em meio às chamas; eles virão ao Senhor. Não há obra mais certa, mais garantida, do que a obra da evangelização. Homens serão salvos, mulheres serão salvas, almas serão alcançadas pelo poder de Deus. Evangelização e missões significam que os eleitos de Deus irão buscar a Cristo e segui-lo pelo chamado do Evangelho.
Sabe o que isso significa, meus irmãos? Que nós, a igreja, você, é o instrumento do Senhor para despertar o coração de muitos homens e mulheres eleitos, mas que ainda estão nas trevas do pecado, ainda não conhecem o Salvador. Você é o instrumento; é você que Deus vai usar. É por meio do seu trabalho como cristão, por meio da sua vida, que muitas outras vidas serão alcançadas para a salvação do Senhor nosso Deus. Não pense que essa palavra não é para você, que eu não estou falando com você, ou que o evangelho não é para você. O evangelho é para você; o chamado é para você. A responsabilidade de pregar a Cristo Jesus é para você. As ovelhas ouvirão a voz. Todo aquele que o Pai me dá virá a mim. Jesus entregou a mensagem; o Senhor nos incumbiu da missão, da tarefa preciosa de anunciar a salvação em Seu nome.
Agora, fiquem certos, irmãos, de que nenhum dos que foram deixados em seus pecados, que não foram eleitos por Deus, buscará a Cristo, mesmo ouvindo o evangelho. Pois é somente aquele que o Pai deu ao Filho que irá ao Filho. Então, não pense que você é um missionário que fracassa quando prega ou ensina o evangelho a alguém e essa pessoa não vem a Cristo. Não pense isso, porque, se assim pensar, você começa a pecar, pode pensar que você é o elo mais importante na cadeia da salvação, que depende de você convencer o pecador. E não é isso que a Bíblia diz. A Bíblia afirma que você é o instrumento; você é a foice de Deus, a enxada de Deus. Deus é o agricultor, e você, irmãos, é o instrumento que Ele usa. Aqueles que não foram dados ao Filho pelo Pai não poderão ir a Cristo.
Isso significa que não podemos nos frustrar com os resultados da evangelização. Não devemos ficar pesarosos, irmãos, por investir tempo, dinheiro, recursos preciosos, e não ver a obra de conversão que esperávamos acontecer. Lembrem-se: só irá a Cristo aquele que o Pai dá ao Filho. Devemos pregar para ver a glória de Deus através da conquista do Seu povo eleito pela pregação do evangelho. Esse deve ser o nosso maior motivador. Deus é glorificado quando pregamos e almas são salvas; o Reino de Deus avança. Deus conquista almas que estão mortas em delitos e pecados. Meus irmãos, o evangelho é maravilhoso. Todas as vezes que pessoas creem na pregação do evangelho e são salvas dos seus pecados, Deus é glorificado nelas.
Como isso acontece? Algo interessante ocorre, irmãos, porque Deus muda a mente e o coração dos eleitos. Deus transforma a mente e a vontade. Entendam o coração como a vontade dos homens que são eleitos por Deus. Deus renova pelo Seu poder; por isso eles irão a Cristo. Pense na sua vida antes de ser cristão. Como era sua vida? Provavelmente uma vida vã, talvez uma vida não religiosa ou uma religião falsa à qual você devotava muito. Talvez você fosse um beberrão, um usuário de drogas, uma prostituta ou alguém com uma vida completamente imunda. Na verdade, todos nós tínhamos uma vida imunda no pecado. Talvez você se envergonhasse muito de seus pecados. E como está sua vida hoje? Você foi lavado dos seus pecados pelo Senhor, pelo sangue de Cristo. Você é uma nova criatura em Cristo; você nasceu de novo. Mas como isso aconteceu?
Quantas vezes você recusou o evangelho? Quantas vezes desprezou pastores, missionários ou um irmão que chegou para pregar para você, e você se escondeu, não deu ouvidos, brincou? Talvez alguns aqui tenham passado por essa experiência, até o dia em que, sendo eleitos de Deus, o Espírito Santo veio sobre você poderosamente, eficazmente, e plantou a Palavra no seu coração. Quando o Espírito faz isso, Ele muda sua mente e vontade, irmãos, porque há duas coisas no pecador que o impedem de ir a Cristo. A primeira é a mente: ele não entende o evangelho, não consegue compreendê-lo bem. Ele entende intelectualmente algumas coisas, mas não consegue associar; é como se não conseguisse raciocinar, mesmo raciocinando bem. É como se o missionário, o pastor, o pregador, o irmão estivesse falando em outro idioma; ele não consegue entender. A mente não capta, o evangelho está encoberto, como se um grande tecido cobrisse este púlpito, impedindo-o de ver até que alguém venha, retire a cobertura, e ele consiga ver plenamente.
Quando isso acontece, o evangelho resplandece, e ele vê coisas maravilhosas. Talvez você seja como eu: quando vi as maravilhas do evangelho, fiquei muito entusiasmado e disse: “Meu Deus, que maravilha! Como podem os homens não ver isso? Eu não via isso antes.” Você não via, você não entendia, porque havia um problema na sua mente. O pecado havia cegado o seu coração, turvado sua mente para as coisas de Deus, de modo que não via a verdade do evangelho. Essa é a situação dos homens e mulheres sem Cristo. Eles são como você era antes de encontrar o Salvador. Eles não entendem o evangelho, e você precisa ter paciência com eles. Eles estão cegos em seus delitos e pecados. O apóstolo Paulo diz que eles não conseguem compreender.
Mas esse não é o pior problema. O pior problema não é não entender, porque alguns homens entendem, e a carga de juízo sobre eles será maior porque Deus deu-lhes a graça de entender o evangelho. Mesmo assim, eles não desejam o evangelho. Há um problema na vontade do homem, não só na mente, mas em desejar Cristo, em querer Cristo. Quando você descobre algo maravilhoso, deseja isso mais que tudo. Essa é a obra que Deus faz no coração dos eleitos. Os homens não querem ir a Cristo. Jesus diz: “Não quereis vir a mim para terdes vida.” Eles não querem. Não é que não entendam; Jesus diz: “Eu sou a vida eterna, mas não quereis vir a mim.” Os homens não desejam o Salvador. Eles até entendem alguma coisa, mas não querem; seus corações não desejam o evangelho. Há um problema na vontade humana, completamente dominada pelo pecado, que não deseja Cristo. Nenhum eleito de Deus deseja a Cristo enquanto o Espírito de Deus não trabalhar poderosamente em seu coração.
Então, Deus Todo-Poderoso vem e age de maneira avassaladora na vontade humana, mudando-a. Ele ilumina a mente, capacita-a para entender, e também Muda sua vontade para que você passe a desejar ardentemente o Salvador maravilhoso que é Cristo Jesus. É isso que Deus faz quando evangelizamos. Não é você que faz isso; não é você que tem a capacidade, por mais complexa que seja sua explicação teológica, por mais que você saiba de teologia. Então, você pode dizer: “Vou caprichar na explicação para que essa pessoa que não entende com a mente possa entender.” Você pode caprichar o quanto quiser, mas, se o Senhor não operar na mente dela, ela não entenderá. Você não é o Senhor desta obra. Além disso, se você não consegue mudar a mente de uma pessoa, muito menos conseguirá mudar sua vontade interior. Você não consegue fazê-la desejar as coisas de Deus, desejar o Salvador maravilhoso. Isso é algo que somente Deus, o Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo, pode fazer: mudar o coração, a mente e o desejo dos pecadores para que venham a Cristo.
É por isso que Jesus disse àqueles homens: “Ninguém vem a mim, senão aqueles que o meu Pai me deu. Todo o que o Pai me deu virá a mim.” Quero terminar com uma maravilhosa notícia para vocês, irmãos, para que se sintam encorajados a pregar o evangelho do Reino de Deus, o evangelho de Jesus Cristo, o Salvador. O capítulo 6, verso 37, diz com uma clareza absurda: “Todo aquele que o Pai me deu virá a mim.” Todo! Nenhum ficará de fora. Todos os eleitos, todo aquele que o Pai me deu, virá a Cristo.
Encorajem-se, irmãos, porque é certo que Deus colocará diante de vocês alguns de seus eleitos, para que, por meio do seu trabalho e da sua pregação, eles sejam alcançados, tenham seus pecados perdoados e sejam salvos pelo Senhor Jesus. O Senhor Jesus usará vocês como instrumentos para a salvação desses homens. E sabe qual é a grande maravilha disso? Todos que estão em Cristo nunca, jamais, poderão se perder. Ele diz no final do verso 37: “O que vem a mim, de modo algum o lançarei fora.” Aqueles que estão em Cristo estão em Cristo para sempre, nunca poderão se perder, nunca poderão ser lançados no inferno.
Ah, mas eles ainda são pecadores. É certo que são, mas o sangue abençoado do Cordeiro de Deus está sobre eles. A vida de Cristo foi entregue pela vida deles; o Senhor pagou o preço pelo pecado deles. O Senhor Jesus foi para a cruz pelos seus eleitos. Nenhum se perderá; nenhum dos eleitos de Deus será deixado para trás. O ladrão da cruz era um eleito de Deus, irmãos, e no último momento de sua vida ele foi salvo pelo Senhor. Que maravilha é o evangelho! Ninguém é deixado para trás. Todos os eleitos são chamados e virão a Cristo. Aquele ladrão estava ao lado do Senhor, com outro ladrão, e ambos blasfemavam d’Ele. Mas, num momento na cruz, algo veio a ele: o Espírito de Deus o converteu de seus pecados. Ele olhou para o Salvador maravilhoso e disse: “Senhor, compadece-te de mim, lembra-te de mim.” Ele disse isso enquanto estava morrendo na cruz, enquanto estava indo para o inferno. Por que ele disse isso? Porque o Espírito de Deus, conhecendo os seus eleitos, veio sobre ele naquele momento.
Você não se perderá. Você foi chamado para a vida eterna pela eleição maravilhosa; você pertence a Cristo Jesus. A obra de mudar o coração, a mente e a vontade foi realizada naquele homem, e ele está com o Salvador para sempre. Ninguém se perderá. Todos os eleitos serão chamados. Nós somos os instrumentos. Vocês são os instrumentos. Vocês têm uma grande responsabilidade.
Como disse Paulo a Timóteo, encerro esta pregação dizendo a vocês as palavras de Paulo: “Prega a palavra.” Preguem a Palavra de Deus, todos vocês, para a glória de Deus e o Seu louvor. Amém.